Diocese de Assis

FINADOS

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Estamos às vésperas do dia de Finados. A instituição de um dia especial no ano para lembrar espiritualmente os finados ou almas, deve-se a uma iniciativa tomada pelos monges beneditinos, por volta do ano 1000.

O abade Santo Odilão, superior do mosteiro de Cluny, na França, deu ordem para que em todos os conventos filiados a esta Ordem se celebrasse um ofício pelos defuntos, na tarde do dia 1º de Novembro. Esta comemoração foi adotada pela autoridade da Igreja, de tal modo que, aos poucos, se tornou universal a dedicação de 2 de novembro à memória dos irmãos já falecidos.

Orações de sufrágio em favor dos mortos sempre foram praticadas na Igreja, desde os primeiros séculos. Nas catacumbas (túneis funerários) romanas , onde se sepultavam os cristãos, há inúmeras inscrições alusivas a preces que os defuntos solicitavam, em vida, dos irmãos na fé.

Santa Mônica, mãe de Santo Agostinho, ao falecer perto de Roma, enquanto viajava para a África, assim falava aos dois filhos que a acompanhavam: “Ponham meu corpo em qualquer lugar e não se preocupem mais. Só lhes peço que no altar de Deus se lembrem de mim onde quer que estejam.”

O Sentido Cristão. A instituição do “dia de finados”, corresponde a uma iniciativa de cunho religioso e se compõe dos elementos de fé que buscam uma compreensão, cada vez mais autêntica e profunda, da realidade da morte presente na vida humana. Isso significa a consagração de um dia para pensarmos na vida a partir da morte. Não como um castigo de Deus, nem como um fracasso e muito menos como uma derrota. Pelo contrário, como o resgate da pessoa humana, operado por Jesus Cristo, quando ressuscitou dos mortos. Ai se encontra o seu verdadeiro sentido cristão.

A Secularização. Há alguns anos podemos notar uma modificação no comportamento das pessoas em relação ao dia de Finados. A data vem perdendo o seu sentido Cristão para transformar-se em um momento de lazer e passeio e não mais de vivenciar uma experiência de fé. É o que chamamos de Secularização. Ou seja, um conjunto de atitudes, comportamentos e práticas que vão depreciando o valor e essência das comemorações e dias religiosos. E, com se não bastasse, dando uma outra versão e sentido para eles.

Grande parte das pessoas aproveita o “feriadão” para viajar, enquanto outros procuram sobreviver da economia informal, vendendo desde flores e velas até pastel, hambúrguer e melancia nos portões dos cemitérios.

A Igreja celebra a realidade de finados como uma expressão profunda de que nossos mortos não ficaram no passado.

Celebrar “finados” é um momento de esperança e reencontro: é a esperança de que um dia iremos nos encontrar com os nossos entes queridos que nos deixaram, mas é, também, encontro com pessoas do nosso dia-a-dia e com algumas que há muito tempo não víamos.

Obrigação e Pecado. A Igreja não impõe uma obrigação e nem determina como pecado, o fato de não ir ao cemitério este dia. Isso deve ser uma ação livre do nosso coração que expresse o desejo de rezar pela redenção da humanidade.

Quem não pode ir ao cemitério, não fica em dívida com Deus, por que o mais importante não é o lugar onde se faz a reflexão sobre a vida. O mais importante é conservar o valor e o sentido do dia.

Velas e Flores. Quem celebra o dia de finados deve ter em mente o seu significado universal. Nesse sentido, levar velas e flores para os mortos é também vivenciar a experiência de eternidade, que acreditamos.

O sentido da vela é o sentido da vida, da ressurreição e da esperança. Quando queimo uma vela pelas almas, estou dizendo a mim mesmo: aqui não está um morto; aqui está alguém que tem a dimensão de eternidade.

As Flores são um sinal do desejo do paraíso, do jardim. As flores significam o desejo de que nossos entes queridos participem de fato do paraíso que não é saudade, mas esperança.

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS

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