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Diocese de Assis

 

          “Para os responsáveis pelo envio de mensagens sob a denominação Palavras de Esperança. Bom dia. Por favor, não me enviem mais mensagens. Não sei quem me adicionou ao presente grupo – só sei que não quero mais mensagens. A desconsideração do que disse e pedi será tomada como um ato de intransigência por conta do qual farei o que é de direito fazer”.

“Boa tarde. Agradeço por todos esses anos da sua delicadeza de me enviar mensagens, porém solicito a descontinuidade do envio. Um abraço”.

As duas mensagens acima foram enviadas num mesmo dia, semana passada, logo após a publicação do artigo Possessão Coletiva, que abordava superficialmente a ação e consequente existência demoníaca nos dias de hoje, em especial, nas circunstâncias endêmicas que estamos vivendo. Pura ou mera coincidência? Não posso responder. Só sei que, em mais de quarenta anos escrevendo e refletindo com meus leitores, nunca antes tais solicitações me ocorreram. Ao contrário, dia a dia, mais e mais, o que me tem ocorrido é o aumento dos seguidores desse meu despretensioso apostolado cibernético.

Por que então me preocupar com eles? Não é bem uma preocupação, pois perco apenas dois leitores semanais. É muito mais. Uma constatação óbvia e ululante de quanto a palavra incomoda, em especial quando aborda temas que aprofundam e agigantam nossa dependência conectiva com assuntos de cunho espiritual. Para os que se abstêm dessa preocupação ou fogem dessa realidade humana, qualquer abordagem mais comprometedora provoca incômodos e acentua nosso desconforto diante do assunto em pauta. Seria mesmo esse o motivo dos “afastamentos” acima?

O autor do primeiro parágrafo se mostra mais agressivo, chegando mesmo às vias de uma velada ameaça litigiosa, pois “a desconsideração do que disse e pedi será tomada como um ato de intransigência por conta do qual farei o que é de direito fazer”. Não se preocupe, meu irmão? Irmão, amigo, companheiro… Nada disso. Qualquer nome que lhe atribua agora soará como velada ironia. Antecipo meu respeito à sua liberdade, comunicando a ele e à segunda pessoa a exclusão de seus nomes da extensa lista de “amigos” aos quais esta mensagem chega semanalmente. Mas não se preocupem, pois se bater saudades ou se a curiosidade apertar, as ferramentas do mundo computadorizado aí estão e vocês poderão me reencontrar por outros meios. Pelo menos isso não tem como nos distanciar.

Já a autora do segundo parágrafo pareceu-me mais delicada e gentil. Lembrou-se dos vários anos dessa minha teimosia em lhe enviar mensagens. Verdade! Há pelo menos vinte anos não alterava a lista onde figurava seu nome. Vinte anos de convivência silenciosa, mas fraterna e só agora, quando abordo a realidade demoníaca e relembro sua ação possessiva a escravizar o mundo é que S G (iniciais de seu nome) se dá ao trabalho de apresentar-se como uma das pessoas que a tecnologia nos une. Está fora da minha lista.

Porém não de minhas orações. Como diz a canção bem conhecida da nossa música popular: “Faça uma lista dos velhos amigos”. Desfiz uma, mas refaço outra, pois mais do que nunca os dois velhos amigos ai de cima estarão presente em minha lista de orações e intercessões celestiais, para que, estando onde estiverem, sendo quem quer que sejam, crente ou ateus, irmãos de fé ou simples camaradas nessa jornada, Deus os livre sempre das ciladas do Inimigo que nos é comum e nos isola hoje. Aos dois, obrigado por todos esses anos de silenciosa convivência fraterna.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]