1

Diocese de Assis

O título deste artigo é, na verdade, uma exortação de Jesus, tirada do Evangelho de Lucas: “Sejam misericordiosos porque também é misericordioso o Pai de vocês que está no céu” (Lc 6,36). Esta exortação de Jesus traduz o conteúdo de toda a sua pregação e missão: “Aprendam, pois, o que significa: ‘Eu quero a misericórdia e não o sacrifício’. Porque eu não vim para chamar justos, e sim pecadores” (Mt 9,13).

 

Na Bíblia (edição pastoral), a palavra misericórdia aparece 114 vezes.

Misericórdia é a condição de fé e, esta, exige vida interior.

Não se admite um cristão que não passe pela escola da misericórdia. A questão é que nada acontece na fé, senão pela misericórdia. Portanto, sem aprender a misericórdia, não se crê de verdade.

Pode nos ajudar a entender a misericórdia, alguns elementos bíblicos como os relacionados abaixo:

Experimentar a profundidade do amor (1Jo 4,7-21). O Amor é o princípio da misericórdia. Nele todas as coisas se realizam. É o amor que dá forma à vida religiosa e às relações interpessoais. O Amor é a identidade Cristã. “Amados, amemo-nos uns aos outros, pois o amor vem de Deus. E todo aquele que ama, nasceu de Deus e conhece a Deus. Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor.”

Não fazer justiça com as próprias mãos (Rm 12,9-21). A justiça é um requisito do amor. Onde falta justiça o amor não nasce, não cresce e não frutifica. Todas as ações humanas serão expressão de verdadeiro amor se e somente se estiverem revestidas de justiça. “Não paguem a ninguém o mal com o mal; a preocupação de vocês seja fazer o bem a todos os homens. Amados, não façam justiça por própria conta, mas deixem a ira de Deus agir, pois o Senhor diz na Escritura: ‘A mim pertence a vingança; eu mesmo vou retribuir’.”

Nova prática do Jejum, da oração e da caridade (Mt 6,1-6.16-18). Jejum, oração e caridade são práticas de piedade cristãs. Tais práticas de piedade não são para fomentar as aparências nem para justificar uma vida de superficialidade. As práticas de piedade são para devolver à cada um o ideal-dever de conversão. “Prestem atenção! Não pratiquem a justiça de vocês diante dos homens, só para serem elogiados por eles. Fazendo assim, vocês não terão a recompensa do Pai de vocês que está no céu.”

Não julgar! Antes, é necessária a Correção Fraterna (Mt 18,15-20). O julgamento só cabe a Deus e não pode ser arbitrado por ninguém. Porque, todos nós somos, sem distinção, somos culpáveis de pecado. O que nos é dado fazer é viver na continua busca de auto-correção, como sinal para a correção fraterna. “Se o seu irmão pecar, vá e mostre o erro dele, mas em particular, só entre vocês dois. Se ele der ouvidos, você terá ganho o seu irmão. Se ele não lhe der ouvidos, tome com você mais uma ou duas pessoas, para que toda a questão seja decidida sob a palavra de duas ou três testemunhas. Caso ele não dê ouvidos, comunique à Igreja. Se nem mesmo à Igreja ele der ouvidos, seja tratado como se fosse um pagão ou um cobrador de impostos.”

Perdoar sempre, sem impor limites (Mt 18,21-35). O perdão não é uma simples concessão, mas um direito-dever. Porque, Jesus Cristo, quando ainda éramos pecadores nos escolheu e se entregou por nós: o justo pelos injustos. Por isso, mesmo sem nenhum mérito o Senhor nos perdoou, devemos nos perdoar uns aos outros, sempre. “Pedro aproximou-se de Jesus, e perguntou: ‘Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?’ Jesus respondeu: ‘Não lhe digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete’.”

Vale a pena pensar nessas coisas, como auxílio à fé e à conversão pessoal!

 

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS