Diocese de Assis

ACREDITAR SEM TER VISTO

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Você tem fé? No que ela está baseada? Em que ela se sustenta? Qual o seu fundamento?

A fé, acima de tudo e, sempre, é um dom de Deus concedido a todas as pessoas, indistintamente, como semente, capaz de crescer e de se desenvolver, segundo a disposição de quem a recebe.

Há um dinamismo na fé que combina ação-presença de Deus com abertura-resposta humana, no que chamamos História de Salvação. Cada passo de uma pessoa que, inclui, escolhas, renúncias, decisões, ações etc marca um longo processo de conversão, uma caminhada, que vai do nascimento à morte.

A fé é um acontecimento único na vida de cada pessoa porque obedece um ritmo e dinamismo próprios. Ninguém vive a fé pelo outro, embora ela tenha forte expressão comunitária.

A fé, genericamente, pode estar baseada, sustentada e dirigida a tudo e quanto é coisa que se possa imaginar e querer: seres, entidades, valores, forças, energias, crenças, religiões… Tudo é passível de fé. Cada um acredita no que quiser. Entretanto, nem tudo diz respeito à Fé Cristã.

O fundamento cristão da fé está baseado e sustentado pelo Mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. Nisto consiste a sua verdade e identidade. É cristão, tudo o que se refere a Cristo e seu Mistério. Por isso, acima de tudo, é preciso garantir o fundamento e a solidez da fé porque, ter fé, não se trata, simplesmente, de crer, mas, o que crer!

Hoje, se vive, no mundo inteiro e, particularmente, no Brasil, uma explosão da fé, mas, isso não quer dizer que toda fé, dentro desta explosão, seja cristã. Existem denominações, comunidades e bíblias de todo e quanto é tipo, versão, doutrina e entendimento, mas, isso não significa mais amor, justiça, misericórdia e fraternidade.

Cada vez mais, a fé está se distanciando do seu fundamento e significado. Mais parece estar a serviço das necessidades e urgências ‘do crente’, do que da conversão para Deus. A fé mais parece estar na moda do que na vida; mais na boca do que no coração; mais nos dedos do que na alma; mais nos olhos do que no espírito.

A fé pode estar se distanciando, drasticamente, de sua origem e meta porque, acaba sendo, apenas e, tão somente, um subproduto de uma religião de resultados. A pessoa busca, na fé, um meio para obter sucesso pessoal, prosperidade, cura, milagre, revelação, bem estar, conforto, consolo, graça, poder, status e projeção. Servindo, basicamente, de trampolim, muda-se de fé, cada vez que o resultado pretendido não é alcançado.

Justificando resultados, muitas pessoas reclamam para si uma fé pura, imbatível, insuperável e comprovada. Mas, que fé é essa que precisa de provas e sinais?

Essa, com certeza, não é a fé do Cristo!

A fé tem sido mais medo do que confiança; mais dúvida do que certeza; mais suspeita do que do que esperança; mais resistência do que entrega; mais teoria do que prática; mais fechamento do que abertura; mais frouxidão do que ousadia; mais prisão do que liberdade, mais mágica do que graça.

A fé não precisa provar nada. Uma fé comprovada não precisa de provas!

Se você tem mesmo fé, ao invés de pedir para ver, mostre; ao invés de querer receber, dê; ao invés de precisar falar, silencie; ao invés de ter que demonstrar, aceite; ao invés de ostentar, humilhe-se; ao invés de impor, permita; ao invés de enquadrar, liberte.

A fé Cristã tem, sim, milagres, curas, revelações, prodígios, graça, consolo, conforto e muito mais, se necessário, para o progresso do cristão que decidiu dar passos na longa caminhada de conversão.

As palavras de Jesus a Tomé: “Felizes os que acreditaram sem ter visto” (Jo 20,19-31), continuam tão válidas e atuais para todos os ‘crentes’ que juramos ser.

 

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS

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