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Diocese de Assis

Presas a preocupações minúsculas e, quem sabe, insignificantes, as pessoas não se dão conta da grandiosidade da existência e profundidade da vida. Por isso não conseguem se deter em questões que exigem reflexão, conversão e compromisso. E a bem da verdade a vida merece e precisa, mais investimento e melhor empenho, de nossa parte, do que, realmente, estamos oferecendo ou dispostos a oferecer.

Estamos em dívida conosco mesmo! Não parece que estejamos ‘bem da cabeça’!

Já se espalhou, entre nós, uma verdadeira inversão de valores e isso não parece doer em nossa consciência; estamos nos fartando de migalhas como se fosse um maravilhoso banquete; estamos propagandeando a ilusão como se fosse o anúncio de um grande sonho… materialismo, hedonismo, status, poder, fama… estamos nos enchendo de um grande vazio.

Estamos nos convertendo num grande abismo (que, acaba atraindo outros abismos).  Nada é suficiente, o bastante, para matar a sede e a fome do quero mais um pouco! Por mais de um pequeno instante, nada mais consegue preencher, satisfazer, contentar ou realizar nossos desejos e vontades que se tornaram soberanos. O que se vê é que, a cada instante é preciso mais de cada coisa para se obter um resultado cada vez menor.  Alguns dizem que isso é falta de Deus! Eu digo que não! Não é falta de Deus. É idolatria. Um outro deus foi colocado no lugar de Deus: o ego abismático de cada pessoa. Para mim isso é uma doença: é a Síndrome da Humanidade Oca. No fundo estamos mortos! A vida perdeu o sentido! Estamos enterrados vivos!

Não podemos viver a vida como se fosse um faz de contas. Não é possível continuar sem se colocar questões importantes; sem refletir a vida; sem pensar profundamente a existência.

“Jesus atravessava cidades e povoados, ensinando e prosseguindo caminho para Jerusalém. Alguém lhe perguntou: ‘Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam’? (Lc 12,22-23). Essa pergunta é incômoda mas, parece não incomodar muita gente. E, por que não incomoda? Porque alguns acham que salvação é assunto para depois (da morte)! Outros sustentam que é uma invenção com a finalidade, única, de controle social. Outros, que já estão condenados. Outros, ainda, que já estão salvos.

E você, sente-se incomodado ou se encaixa num desses grupos?

Quem sabe esta seja uma questão vencida porque, além de preocupados com questiúnculas (coisas miúdas), estamos ocupados em aproveitar a vida, nas medidas do tempo presente, já que não existe total esperança para além do túmulo; para depois da morte.

Mas a Sagrada Escritura assevera: “Se nós pregamos que Cristo ressuscitou dos mortos, como é que alguns de vocês dizem que não há ressurreição dos mortos? Se não há ressurreição dos mortos, então, Cristo também não ressuscitou; e se Cristo não ressuscitou, a nossa pregação é vazia e também é a vazia a fé que vocês têm (…). Se a nossa esperança em Cristo é somente para esta vida, nós somos os mais infelizes de todos os homens” (1Cor 15,12-14.19).

Ora, o assunto sobre a Salvação é assunto muito sério, profundo e pertinente à vida de cada um de nós. Aliás, deveria estar na boca, no coração e na busca diária de cada um, como princípio e fundamento de fé. Devemos nos colocar, diariamente, como candidatos à salvação e seguir a direção que a Palavra nos dá: a) A Salvação pertence ao nosso Deus e ao cordeiro (Ap 14,1-7.12-13); b) não ignorem coisa alguma a respeito dos mortos (1Ts 4,13-18); c) façam todo esforço possível para entrar pela porta estreita (Lc 13,22-30); d) estejam preparados! Fiquem vigiando! Porque vocês não sabem a que dia virá o Senhor (Mt 24,37-44); e) façam da partilha um dom capaz de destruir qualquer orgulho e apego às coisas (Mc 10,17-22).

A Salvação é Plano de Deus e, ninguém é obrigado a aceitar. Mas, quem o aceita está chamado a uma vida que tem sentido e valor, neste mundo e depois do túmulo.

Eu creio na vida eterna, escrita pelo sangue de Cristo em nosso corpo mortal.

Pe. Edvaldo P. Santos