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Diocese de Assis

Quando o mundo questiona a fé cristã com evidências materiais e provas contextuais, colocando a materialidade acima dos mistérios e da realidade espiritual que cerca a existência humana, é chegada a hora de proclamar com ânimos maiores a beleza e verdade dessa fé. Para isso, a instituição de um mês missionário reforça nossa ação. Chegou a hora. Neste ano de tribulações e provações endêmicas, mais do que nunca, chegou essa hora. E o tema não deixa dúvidas: “Jesus Cristo é missão”.

O presidente da comissão de Animação Missionária da CNBB, D. Odelir, bispo de Chapecó – SC, reforça essa necessidade com uma frase bem suscinta: “Ou a Igreja é missionária, ou não é Igreja de Jesus Cristo”. Não há meio termo. Se quisermos realmente imprimir no coração humano o grande sinal de pertença ao Salvador único e verdadeiro dessa humanidade sofredora, especialmente nos dias de hoje, é preciso realçar nossas convicções cristãs. E, para tanto, a própria C.M. 2021 aponta nossa inspiração bíblica: “Não podemos deixar de afirmar o que vimos e ouvimos” (At 4,20). As raízes de nossa fé se baseiam em fatos comprovados e testemunhados, que ainda perduram entre nós. Não nasceram do nada, mas de experiências concretas. Essa, pois, é a missão da Igreja no mundo: continuar testemunhando aquilo que viu e ouviu, que vê e ouve, que continuará vendo e ouvindo até a consumação dos tempos.

Segundo D. Odelir, a atual campanha tem grandes méritos nesse tempo de provações e desafios pandêmicos, pois a fé cristã oferece aos homens um forte testemunho “de esperança em realidades que exigem compaixão”. Dentro de um contexto de dor e desespero, a fé é o mais eficaz lenitivo de renovação de forças, pois que se sobrepõe à realidade da finitude humana para realçar a plenitude da vida em dimensões mais amplas. Esse é o cerne da fé cristã. Essa é nossa certeza, nossa esperança, nossa razão de ser. Portanto, não há como fugir da missão quando esta contempla o mundo com o olhar compassivo e apaixonado do Cristo, conhecedor de todas as nossas incertezas e limitações.

Realizada desde 1972, a campanha missionária reforça nossa consciência de evangelizadores comprometidos com a Verdade que nos foi revelada. Omitir-se desse compromisso é negar a própria fé. Santa Terezinha do Menino Jesus, padroeira das missões sem nunca ter saído de sua terra, de seu mundinho, já dizia em seus escritos: “Não tenhais medo. Com Jesus tudo é possível e com Ele se chega a todos os corações e a todos os lugares”. Tanto que o Papa Leão XIII assim definiu o espírito missionário: “A missão é feita com os pés dos que partem, com os joelhos dos que rezam e com as mãos dos que ajudam”. Terezinha compreendeu bem qual seria sua missão neste mundo. Muito mais que exercer uma ação de proselitismo puro e simples, para ela missão era amar. Amar a Cristo e aos irmãos. Amar incondicionalmente. Buscar a perfeição através da prática, do amor puro e simples. “Compreendi que na perfeição havia muitos graus e que cada alma era livre no responder as solicitações do Senhor, no fazer muito ou pouco por Ele, numa palavra, no escolher entre os sacrifícios que exige”. Seria esta sua cruz, sua missão: não percorreu estradas, mas ajoelhou-se submissa e orou pela Igreja Missionária com seu renovado ardor e amor. Sobre as provações que também testemunhou em sua época pode um dia escrever: “Acho que nesses momentos de grandes tristezas tem-se a necessidade de olhar para o céu em lugar de chorar”. O que vemos e ouvimos hoje nos faz olhar para o alto ou cravar nossos olhos no chão árido da triste realidade que nos cerca? Lembre-se: “Jesus Cristo é missão”. Ontem, hoje e sempre.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]