Diocese de Assis
Uma nova palavra e suas variações ocupa o vocabulário do mundo católico: sínodo. Trata-se de uma consulta pública sobre as diretrizes da Igreja, que ocupará a pauta de vários encontros eclesiais durante um ano, seguindo as atividades das comunidades católicas em suas várias instâncias no mundo. Todo e qualquer fiel batizado terá oportunidade de dizer o que pensa. Mas será ouvido? Então, aqui é que são elas… as questões que afligem a muitos!
A democracia cristã, diferentemente do mundo político, não interfere na tradição doutrinária, que segue os imutáveis ensinamentos de Cristo. Ouvir muitos dos anseios populares é também uma forma de corrigir distorções e apontar a solidez da doutrina. Não pensem os mais “avançados” que agora sim, agora o Papa vai ouvir “a voz do povo” e acatar muitas das “mudanças necessárias” em questões como aborto, eutanásia, indissolubilidade sacramental, matrimonial, casamentos homo, etc., etc… Não é por aí. Esse processo de escuta é muito mais uma oportunidade de questionamentos do que proposta de mudanças. Francisco quer ouvir, mas também reiterar.
Para o Papa, o sínodo é uma oportunidade de ouvir a voz de Deus, não um simples processo de consulta democrática à grande maioria que pede mudanças. Antes, há uma constituição imutável a se seguir e esta pede maiores ações e cuidados dos que se colocam “sub judice” de suas diretrizes. A constituição da fé cristã é infalível, imutável e, com isso, infalível seu ensinamento e imutável o caminho da Igreja no mundo. Aqui nos salta aos olhos uma questão reveladora: aqueles que praticam a autenticidade dessa fé são infalíveis em seu seguimento. Esse privilégio não é apenas do Papa, mas de todo e qualquer cristão leigo que possua clareza em sua fé e prática.
Portanto, o movimento sinodal que hora nos motiva, vem de encontro a uma necessidade cristalina de reforçar nossa fé. Esse processo dará chances a todo e qualquer batizado de proferir sua voz, mas também confrontar suas verdades com as falsas “verdades” dum mundo polarizado pelas divergências das muitas doutrinas paganizadas e ou desviadas de seu contexto histórico. Essa é a luta da Igreja no mundo. “De fato, as armas da nossa luta não são humanas; o seu poder vem de Deus e são capazes de destruir fortalezas. Nós destruímos os raciocínios presunçosos e qualquer poder altivo que se levante contra o conhecimento de Deus”, já nos lembrava Paulo em carta aos coríntios (2Cor. 10, 4-5).
Chegou, pois, o momento de confrontar a fé cristã com as ideologias do mundo. Quem se adequará a quem? Não pensem os que torcem pelas flexibilizações doutrinárias de que finalmente chegou a hora das mudanças dentro da Igreja. Chegou, sim, a hora do reforço. O Papa radicaliza sua autoridade doutrinária, buscando na prática das comunidades o reforço necessário para aviltar o testemunho da nossa fé, não a adequação desta aos caminhos largos do mundo. A consulta pública será uma oportunidade de realçar os ensinamentos da Igreja a partir da coerência de seus seguidores, não do inconformismo dos que buscam mudanças. Não se iludam os que trilham os caminhos pavimentados e ilusoriamente mais rápidos e confortáveis do progresso que nos ilude. Os caminhos da fé continuarão estreitos, mas eficientes em suas metas transcendentais. Será isto o que o Povo de Deus irá dizer ao mundo, ao final do mais amplo sínodo de sua história.
WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]