Diocese de Assis
ALEGRIA NO AR
Nada a ver com as ilusões globalizantes e ou globalizadas que bem sabem manipular o humor do povo, mas realmente a alegria está no ar nesta semana. Principalmente para aqueles que seguem um mínimo dos tempos festivos do calendário cristão. Nem tudo é sofrimento e morte, perseguição e injustiça, incompreensão e calúnias, quando somos convidados a celebrar, ao menos uma vez ao ano, um domingo cor de rosa, festivo, liturgicamente senhor da alegria e da esperança renovadas aos pés do altar de tantos e tantos sacrifícios históricos e reais. De repente, a mesa do sacrifício se presta à celebração única da euforia proporcionada por uma notícia alvissareira.
O milagre dessa alegria toda está no objeto de seu anúncio. Algo de grandioso e ansiosamente esperado por todos está prestes a acontecer. A expectativa supera a ansiedade, pois que enche de alegria os corações contritos. “Que devemos fazer?”. Quem não se questiona diante de uma expectativa de mudanças, de realização de sonhos, de uma promessa que se cumpre, uma história que muda suas vidas? Era essa a grande questão. Então, como ficamos?
A cara de tacho dos incrédulos demonstra uma euforia que supera a própria indignidade. Como crianças surpreendidas com um presente maior e mais precioso que suas expectativas, o povo reage com uma demonstração de arrependimento e uma inusitada alegria pelo perdão de sua falta de fé. Afinal, a promessa se cumpre.
João, aquele que anunciou e apontou as luzes de um novo tempo, que diminuiu a importância de seu batismo purificador para salientar a grandiosidade e importância do Batismo de Fogo de alguém “mais forte”, curvou-se e se calou. O cordeiro de Deus, o messias libertador que todos desejavam, já estava a caminho, já dobrava a curva da estrada que a sinuosidade dos tempos e o sofrimento da escravidão, do pecado, das falsas expectativas haviam marcado no semblante daquele povo. Eis que Ele chega. Traz consigo uma esperança nova. Tem nas mãos o poder do perdão, da reconciliação. Sua presença é motivo único da alegria, da euforia contagiante que uma conversão possa provocar. “Eis o cordeiro de Deus”.
Compreender e aceitar esse anúncio é o segredo primeiro da felicidade plena. Aceitar Jesus como Senhor e Redentor, emissário único a “religar” céus e terra, criatura e Criador, é o grande trunfo da fé cristã, a “única religião” cujos fundamentos estão na origem de sua prática e não no histórico das muitas lendas e fantasias criadas pelo ser humano. O Verbo se fez Carne. O Criador se fez criatura. Deus se mostrou humano, conquanto nossa humanidade se tenha tornado divina. Aqui o segredo da grande alegria que a encarnação de Cristo provoca naqueles que aceitam e veneram esse mistério grandioso. Nossa indignidade aflora diante dos fatos, mas o coração contrito e agraciado pela aceitação desse mistério, transborda de alegria pela revelação inusitada. Deus se tornou um igual, habita entre nós e em nós!
Por isso é que dizemos que o nascimento de Jesus foi maior que o milagre da vida. Nossa insegurança um dia nos expulsou do Paraíso, nos proporcionou o afastamento das graças. Agora somos reconduzidos à Graça, reconciliados à verdadeira vida, através da “vinda” do Filho do Homem. Esse é o grande segredo, a razão da nossa alegria, essa euforia que o mundo não compreende, mas pode também sentir. Pois a alegria do povo cristão está no ar. Alegrai-vos, povo de Deus!
WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]