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Diocese de Assis

O título não é meu. Tomo emprestado de autor que bem conhecemos pelo belo testemunho de fé e esperança com a prática do dízimo dentro do catolicismo. Tanto que suas diversas obras sobre o assunto nos ensinam a compreender e praticar esse mandamento cristão como canal extraordinário de graças e bênçãos que nos levam fatalmente à prosperidade. Porém não como o mundo entende.

Ora, falar de prosperidade em tempos de renovação de propósitos, de retomada de ânimos, de formulação generalizada de novos ideais ou metas para um ano novo, isso é quase sintomático; um assunto decorrente de um sentimento ou desejo de todos. Um novo tempo é sempre fonte inspiradora de novos sonhos. Aliada ou não à fé do indivíduo, a prosperidade torna-se desejo de todos. Principalmente daqueles que entendem essa meta como detentora de muitos bens, dinheiro fácil, carros e mansões, prazeres sem culpa…

Dessa prosperidade estou fugindo. A semente da fé cristã nos inspira novos conceitos de prosperidade, aquela que vai além da realidade temporal. Além dessa, há também a prosperidade sob as graças e bênçãos divinas. A mesma que levou Abrão, o Pai da Fé, a sair de sua terra e realizar seus sonhos de liberdade e prosperidade em terras longínquas, bem distantes de suas origens e planos pessoais. Salomão, com toda sua riqueza, viu que sua prosperidade nada significava sem a graça de Deus. José do Egito, que se tornou um quase faraó em terras estranhas, não resistiu diante do sofrimento de seu povo e a tudo renunciou em troca da liberdade dos que verdadeiramente amava. Assim, um a um, os personagens bíblicos um dia se encontraram com a verdade da prosperidade que buscavam. Essa não. Verdadeira prosperidade só aquela abençoada e justa aos olhos de Deus.

Então a prosperidade humana é maldita? Não, claro que não. Nosso problema não está no sucesso dos bens e progressos adquiridos ao longo da nossa história. Nosso problema está na partilha, ou melhor, na falta desta. Enquanto as conquistas e crescimento das riquezas humanas estiverem manietadas pelo usufruto de poucos, pelo corporativismo de classes, pelos critérios de administração voltados aos interesses grupais, políticos ou mesmo familiares, não haverá verdadeira prosperidade. A prosperidade parte do princípio da partilha, com seu efeito multiplicador que gera riquezas e conhecimentos, numa cadeia indivisível de crescimento. Toda comunidade próspera conhece e testemunha esse efeito: a partilha gera o milagre da multiplicação.

Meu amigo A. Tatto, autor acima citado, bem definiu a verdadeira prosperidade em seu livro Semente de Prosperidade. Escreveu com a naturalidade de seu testemunho: “Como o Pai me deu, dou também. Como Ele não guardou só para si a riqueza, eu também não vou guardar: vou possibilitar que ela chegue às mãos de muita gente que, por sua vez, vai plantar e colher e redistribuir. E o negócio não para: só cresce porque possui o princípio infalível da prosperidade. Ela vem de Deus, ela é de Deus, ela conduz a Deus. Se ela não conduz a Deus, não veio Dele”. É esse o segredo da prosperidade, da verdadeira e santa prosperidade que muitos almejam, mas nunca alcançam. Porque ser é melhor que ter. E o mundo precisa descobrir esse segredinho. Sobrevivemos a um ano difícil. Outros só serão melhores se a semente do amor cristão se sobrepor às nossas ambições pessoais. Próspero Ano Novo!

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]