Diocese de Assis
A FÉ COMPORTA RESPOSTA E COMPROMISSO
Ter fé não é uma deliberação sua, nem minha. Não é uma decisão da nossa vontade. Se fosse depender de nossa vontade, quem sabe, não teríamos fé. Ninguém decide se vai ou não ter fé. A fé é um dom, uma graça, um presente de Deus, necessário para a vida. Deus dá a fé a todos, como dá a vida. Sem fé a vida não é nada; não somos nada! Sem fé a vida pesa menos do que o pó. Sem fé não temos os outros, não temos o irmão, não temos a comunidade, não temos nós mesmos. Sem a fé não podemos agradar a Deus.
Viver a fé! Esta é a nossa tarefa! Isso é o que nos cabe! Essa é a nossa responsabilidade e compromisso. Por isso é que seremos julgados.
A fé, que nos foi dada, comporta resposta e compromisso… exige decisão!
Decidir não é dar o golpe final ou a última tacada. Decidir não é encerrar o assunto. Decidir não é se vingar, ir à desforra. Decidir não é, simplesmente, resolver.
Decidir vem de decisão (de + cisão. Assim: de = origem, lugar; cisão = corte, ruptura).
Decidir é tomar uma atitude a partir de um corte de uma ruptura. Decidir é cortar… romper a partir de uma convicção, de um sentido, de um norte. Portanto, decidir é dar razão, dar sentido, dar direção.
A fé exige decisão! Sendo assim, decidir, na fé, é agir pela fé: pelo que a fé dá; pela convicção da fé; pelas fontes da fé; pelas iluminações da fé… pelo mistério da fé! Decidir, na fé, é dar-se, entrar no tempo de Deus, lançar-se; abandonar-se; é permitir, acolher, esperar, fazer silêncio, aceitar, dialogar.
O que é a fé? O autor da carta aos Hebreus nos responde:
“A fé é um modo de já possuir aquilo que se espera, é um meio de conhecer realidades que não se vêem” (Hb 11,1).
Como viver a fé? O mesmo autor da carta aos Hebreus nos ensina:
“Foi por causa da fé que os antigos foram aprovados por Deus. Pela fé, sabemos que a Palavra de Deus formou os mundos; foi assim que aquilo que vemos originou-se de coisas invisíveis. Pela fé, Abel ofereceu a Deus um sacrifício melhor que o de Caim. Pela fé, Henoc foi levado embora, para que não experimentasse a morte. Pela fé, ao ser avisado divinamente sobre coisas que ainda não via, Noé levou isso a sério, e construiu uma arca para salvar a sua família. Pela fé, Abraão, chamado por Deus, obedeceu e partiu para um lugar que deveria receber como herança. Foi pela fé que também Sara, embora sendo velha, se tornou capaz de ter uma descendência, pois ela acreditou em Deus, que lhe havia prometido isso. Pela fé, Isaac abençoou Jacó e Esaú, também a respeito de coisas futuras….
O que mais posso dizer? Eu não teria tempo, se quisesse falar de Gedeão, de Barac, de Sansão, de Jefté, de Davi, de Samuel e dos profetas. Graças à fé, eles conquistaram reinos, implantaram a justiça, alcançaram as promessas, taparam a goela dos leões, apagaram a violência do fogo, escaparam ao fio da espada, extraíram força da sua própria fraqueza, mostraram-se valentes na guerra e expulsaram invasores estrangeiros. E algumas mulheres recuperaram seus mortos, por meio da ressurreição…” (Hb 11,2-39).
A fé não é um instrumento nosso, mas, de Deus. Não é um meio nosso, mas, de Deus. Não é um poder nosso para conseguir tudo de Deus. A fé não é um jogo! A fé é um poder de Deus para conseguir tudo, em nós. A fé é um poder de salvação que atua em nós, permitindo-nos a conversão diária. A fé é a vida de Deus em nós, cujo mistério escapa à compreensão humana porque não tem uma lógica, tem um sentido e confere um sentido.
Você tem a fé! Eu tenho a fé! Nós temos a fé! Vivamos a fé!
PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS