Diocese de Assis
Na vida, não raras vezes, diante de palavras, atos e, até, omissões nos vemos diante de um inconfundível: ‘e agora’?
Expulsei de minha casa meu melhor amigo! E agora? Briguei por uma coisa que não me dizia respeito e criei mais confusão! E agora? Cai numa grande tentação, contra a fidelidade e prejudiquei muita gente! E agora? Violei um grande segredo guardado sob juramento! E agora? Emprestei dinheiro a juro e o devedor não quer me pagar! E agora? Prometi algo que supera minha capacidade e possibilidade! E agora? Sustentei uma mentira contra a verdade e perderam a confiança em mim! E agora? Forjei uma doença e comovi o mundo em meu favor, por uma coisa que não é real! E agora? Fiz uma calúnia e alguém está sendo punido injustamente! E agora? Falei uma palavra inoportuna e o que não devia, no fogo de uma tremenda raiva! E agora? Morreu uma pessoa muito querida para mim e eu não consegui pedir e dar perdão a ela! E agora? Gritei… Magoei… Debochei… Enganei… Tirei proveito… Desobedeci… Subornei… Feri… Iludi… Perverti… Maltratei… Ignorei… Confundi… E agora?
E agora não dá para voltar atrás! Não dá para chorar o leite derramado. “Não fiquem lembrando o passado, não pensem nas coisas antigas; vejam que estou fazendo uma coisa nova: ela está brotando agora, e vocês não percebem? Abrirei um caminho no deserto, rios em lugar seco” (Is 43,18-19). Não vire às costas para nado do que tenha ocorrido com você. Encare, de frente, qualquer situação ou problema. Não se faça de vítima nem de coitadinho. Não queira se poupar do sofrimento e nem proteger os outros. Essas iniciativas só agravam ainda mais a situação-problema.
Agora é dar tempo ao tempo; bola pra frente; pé na estrada; cabeça erguida; mãos-à-obra; joelho no chão; mãos em súplica; coração confiante; olhos abertos; ouvidos atentos; faça silêncio…
Tudo o que fazemos tem conseqüências! E, embora as tenhamos previsto, elas ultrapassam nossas medidas e suposições. Não temos idéia e nem controle 100% de todas as conseqüências para todos os nossos atos. É claro que prever conseqüências para os nossos atos já é meio caminho andado para firmes propósitos, resoluções e tomadas de postura.
Tome uma postura de fé diante dos problemas e faça disso um método. Destrua o seu orgulhe e não mantenha o coração endurecido. “Assim diz o Senhor: ‘Parem no caminho e vejam, informem-se quanto às estradas do passado: qual era o caminho da felicidade? Andem por ele, e vocês encontrarão descanso’. Mas eles responderam: ‘Não caminharemos nele!’” (Jr 6,16-17).
Aceite a ajuda de alguém que lhe seja próximo. Não se oponha à uma correção. Tome consciência de que você é pó e ao pó voltará. Jogue para longe o medo e seja humilde para obter a luz interior. “Seja modesto em sua atividade, e será mais estimado que um homem generoso. Quanto mais importante você for, tanto mais seja humilde, e encontrará favor diante do Senhor. Pois o poder do Senhor é grande, mas ele é glorificado pelos humildes. Não procure o que é muito difícil para você, e não investigue coisas que superam suas forças. Empenhe-se naquilo que lhe foi ordenado, e não se ocupe de coisas misteriosas. Não se aplique em coisas que superam sua capacidade” (Eclo 3,17-23).
Não evite o confronto com vida por suas inúmeras situações dolorosas ou alegres. Dê graças a Deus por tudo o que lhe acontecer. “Examinem a história, e verão. Quem confiou no Senhor, e ficou desiludido? Quem perseverou no seu temor, e foi abandonado? Quem o invocou, e não foi atendido? Porque o Senhor é compassivo e misericordioso, perdoa os pecados e salva no tempo do perigo. Ai dos corações covardes e mãos preguiçosas, ai do pecador que anda por dois caminhos! Ai do coração preguiçoso que não confia, porque não será protegido! Ai de vocês que perderam a paciência! O que farão vocês quando o Senhor lhes pedir contas? (Eclo 2,2-14).
PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS