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Diocese de Assis

 

Quando o turbilhão renovador do Concílio Vaticano II começou a se assentar sobre o espírito da Igreja, muitos cristãos leigos se entreolharam e disseram: e agora? Uma novidade ecoava sobre eles: Todo batizado é missionário! No Brasil, essa novidade começou a ser anunciada em muitos movimentos eclesiais, dentre eles o Cursilho de Cristandade, o top da época, que renovava e resgatava a alegria de ser cristão. E muitos descobriam também a alegria de ser missionário.

Foi numa dessas que nasceu um grupinho mais contagiado pela novidade. Adotaram a princípio a sigla CCC, Comunidade de Comunicadores Cristãos, pois que a maioria deles procedia dos meios de comunicação social, como rádio e tv. Já eram conhecidos do grande público como excelentes artistas e comunicadores. Então abandonaram seus calçados impregnados com a poeira do sucesso, encheram de coragem seus pulmões renovados e puseram-se nas estradas, anunciando Jesus Cristo. Ganharam a simpatia e admiração do povo. Mas o nome do grupo não lhes era simpático. Logo mudaram para Instituto MEAC, cuja sigla dizia o que realmente eram: Missionários para Evangelização e Animação de Comunidades.

Hoje, exatamente hoje, aqui estamos, comemorando cinquenta anos do início dessa caminhada, somando quase duzentos missionários espalhados pelo Brasil, continente africano e alguns outros países onde já possuímos núcleos e a semente missionária lançada no coração de muitos ainda borbulha. Somos missionários leigos da Igreja Católica. Essa odisseia já produziu muitos frutos, tais quais outros grupos inspirados ou ao menos aprimorados pela abertura e importância que aquele Concílio deu a todo e qualquer batizado, mostrando-lhe sua identidade missionária como reflexo e consequência da missão do Cristo. Somos outros cristos no mundo, à medida que assumimos nossa fé na mesma fonte batismal que nos marca como cristãos. Foi essa a fonte inspiradora da perseverança que nos trouxe até aqui.

Como Paulo, um dia experimentamos a loucura do amor de Cristo. Essa loucura contagiante que nos desaloja e nos identifica com o trabalho evangelizador. Esse é o cerne, a razão única e inexplicável de aceitarmos uma identidade missionária, um sim quase mariano, mas também profético, que faz de um grupo de leigos um grupo de loucos diante da realidade do mundo atual: “Aqui estou, Senhor, envia-me!”. Foi esse “sim” profético e contundente que nos permitiu comemorar 50 anos de história, caminhada… É essa a história de loucos que hoje registramos em livro, já disponível gratuitamente no site www.meac.com.br. Confira lá essa loucura. Não há exibicionismos, nem fantasias, nem pretensões nessa história. Apenas a humildade de reconhecermos nessa história a mão generosa e sempre oportuna da ação de Deus em nossas vidas, portanto um testemunho vivo do que Deus quis e ainda quer de cada um de nós. Tanto eu, tanto meus companheiros ou mesmo você, que pode descobrir nestas páginas o chamado de Deus em sua vida, em nossas vidas. “Aqui estamos, Senhor” …

Nosso Ano Jubilar hoje nos enche de orgulho. Santo orgulho! Mas também nos questiona, pois que Deus está nos permitindo celebrá-lo no silêncio, isoladamente, em plena pandemia que pôs um freio em muitas das nossas ações. Silenciou a voz de muitos dos nossos. Impediu o que mais fazíamos, com nossas viagens e pregações missionárias. Obrigou-nos a vivenciar e comemorar um ano sabático, com muita reflexão e orações. Mas não nos impede o testemunho em História de uma Caminhada. MEAC, 50 ANOS – Missionários Leigos Evangelizando.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]