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Diocese de Assis

 

          Conquistar uma medalha, antes de mais nada, exige perseverança do atleta. Imagine de um casal. Imagine o quão desafiador é para os dias de hoje uma celebração de ouro após cinquenta anos de “briga” a dois! Parecia uma missão quase impossível, mas conseguimos. Alcançamos o pódio, apesar da torcida contrária, das muitas quedas, das derrotas momentâneas, das apostas desafiadoras, do Inimigo sempre à espreita… Conseguimos!

Era uma terça feira de Carnaval. Na tarde daquele 15 de fevereiro de 1972, sob as bênçãos do falecido padre Pio Matusalém e seus dois inseparáveis coroinhas de vermelho e branco, além de sua cachorrinha de estimação, reunia alguns poucos familiares na residência de minha sogra e pedíamos as bênçãos eclesiásticas para oficializar nosso matrimônio. Eu com19 e a Célia com 17 anos.

Assim, quase às escondidas da sociedade e da maioria dos familiares, começamos nossa vida conjugal. Pegamos a estrada da vida e fui ser muambeiro (relojoeiro, melhor dizendo), para garantir o leite do filho a caminho e o pão de cada dia para nosso lar, doce lar de aventuras e descobertas mútuas, em terra bem distante da nossa. Anos de belas recordações, mas de muitas provações e privações às quais não dava muita importância. O importante era acalentar nossos sonhos e vencer os desafios.

Vieram os três filhos. O sapato não só apertou, mas também furou. A primeira crise eu afogava na bebida, tentando a qualquer custo me anestesiar da dura realidade que a vida financeira instável e a falta de uma profissão mais bem remunerada, sem contar nosso distanciamento social e religioso, corroía seriamente nossa vida conjugal. A separação era iminente.

Surpresa. Deus tinha planos para nós. Em 1980 nada mais nos restava senão os filhos e muitas dívidas. Quando contemplamos a luz do sol na perspectiva do fundo de um poço o que nos resta é clamar por socorro. Só Deus na causa. Então Ele nos estendeu a mão. Colocou-nos num encontro de casais, empurrou-nos para dentro de muitas atividades religiosas e missionárias, mostrou-nos outros caminhos também estreitos, porém reconfortantes do ponto de vista de alguém que sai do lodo e sente a consistência de um chão para os pés cansados, empurrou-nos para uma nova vida e disse: “Eis que estarei convosco todos os dias!”

Desde então, caminhos se abriram. Mentiria se dissesse que nossa vida se tornou um mar de rosas. Profissionalmente, talvez (quem nos conhece sabe a razão), mas das muitas rosas manipuladas ao longo desses anos ainda sobram os espinhos, esses que nos ferem cotidianamente, mas não impedem o perfume das muitas realizações desde então. Passamos pelos 25 anos com a prata de muitas conquistas, especialmente no campo religioso, quando o auge de uma vida missionária intensa nos lançava em águas profundas da realidade de nossa Igreja. Nossos filhos cresciam “em graça e sabedoria” e faziam já suas opções matrimoniais. Os netos chegavam.

Hoje, cinquenta anos depois, aqui estamos, juntos e realizados. Três filhos, quatro netos e muita história para contar… A vida conjugal, coincidentemente, tornou-se celebrativa de Bodas de Ouro no mesmo ano em que nosso grupo missionário também olha para trás e relembra sua história de cinquenta anos. Deus nos permitiu chegar até aqui, apenas para dizer a todos que conheceram e conhecem nossa história: Perseverança é tudo! As graças de Deus são maiores.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]