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Diocese de Assis

É certo que, nem tudo o que nós fazemos, nós falamos ou mostramos aos outros.

Existe, em cada coisa que fazemos, um “que”; uma “porção” pertencente só a nós mesmos que, reservamos ao nosso coração; à nossa intimidade mais profunda; ao nosso eu. Isso faz parte do mistério das coisas indizíveis. Na verdade, nem tudo cabe em palavras e, nem tudo, pode ser explicado. Todo mundo tem o direito de se reservar ao silêncio, em relação a algumas coisas porque, fazem parte do memorial das coisas íntimas.

O que não pode ser dado por palavras, nem por explicações só nos será oferecido por revelação, com o tempo, ao coração. Por isso, quem quiser ter acesso ao mundo das coisas íntimas, principalmente dos outros, precisará aprender a linguagem do coração para saber falar e ouvir sem muitas palavras e sem muitas explicações.

Diferentemente, disso, é a situação do anônimo e do anonimato. Anônimo é tudo aquilo que não pode vir à tona; que não pode ser conhecido; que não é revelado. Não tem identidade; não tem endereço e não tem visibilidade. Anonimato é a relação que se dá às escondidas, sem aparecer; sem se revelar; sem mostrar a cara; sem mostrar presença.

A situação de anônimo ou de anonimato não é desejável, nunca; mas, é compreensível e aceitável nas circunstâncias de segurança pessoal e integridade física. Principalmente, à testemunha de um crime, ao perseguido político, ao jurado de morte, ao injustiçado social…

Fora disso, para que serve ficar anônimo ou viver no anonimato? Não serve para nada. A não ser como subterfúgio, para quem quer viver fazendo tudo às escondidas; sem ser notado; sem ser descoberto; sem ser responsabilizado. Ou, então, para subjugar àqueles que não têm qualquer visibilidade sócio-econômica; são desnecessários para a sociedade; são ‘vergonha’ para a estética das cidades; são pedra no sapato dos que vivem comodamente.

Para quem pretende viver escondido ou escondendo o que faz, para tirar proveito, enganar, lesar ou destruir outros, a melhor coisa é a denúncia profética da vida daqueles que se revelam, gritando o evangelho com a própria vida!

A vida cristã é permanente revelação!

Toda pretensão de anonimato é corda no pescoço. Diz o Senhor: “Tomem cuidado com o fermento dos fariseus, que é a hipocrisia. Não há nada de escondido que não venha a ser revelado, e não há nada de oculto que não venha a ser conhecido. Pelo contrário, tudo o que vocês tiverem feito na escuridão, será ouvido à luz do dia; e o que vocês tiverem pronunciado em segredo, nos quartos, será proclamado sobre os telhados” (Lucas 12,1b-3). E Jesus radicaliza em sua palavra: “O julgamento é este: a luz veio ao mundo, mas os homens preferiram as trevas à luz, porque suas ações eram más. Quem pratica o mal, tem ódio da luz, e não se aproxima da luz, para que suas ações não sejam desmascaradas. Mas, quem age conforme à verdade, se aproxima da luz, para que suas ações sejam vistas, porque são feitas como Deus quer” (João 3,19-21).

Para aqueles que são abafados, esconjurados, desconsiderados, descartados… somente a acolhida sincera e amorosa, no seio da comunidade, fará deles nossos próximos e irmãos. Isso também é profetismo. Ninguém deve ser tratado como um ilustre desconhecido e nem ser empurrado para esta condição! Jesus nos ensina a trazer as pessoas para o meio (Mc 3,3), reinserindo-a na vida entre os irmãos. A experiência nas primeiras comunidades dá prova disso: “Entre eles ninguém passava necessidade, pois aqueles que possuíam terras ou casas as vendiam, traziam o dinheiro e o colocavam aos pés dos apóstolos; depois, ele era distribuído a cada um conforme a sua necessidade” (Atos 4,34-35).

Diz o Senhor Jesus: “Eu garanto a vocês: todas as vezes que vocês não fizeram isso a um desses pequeninos, foi a mim que não o fizeram” (Mateus 25,45). E Jesus acrescenta: “Venham para mim todos vocês que estão cansados de carregar o peso do seu fardo, e eu lhes darei descanso. Carreguem a minha carga e aprendam de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para suas vidas. Porque a minha carga é suave e o meu fardo é leve” (Mateus 11,28-30).

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS