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Diocese de Assis

A vida em comunidade é uma necessidade humana e de fé.  Pessoas maduras, equilibradas e felizes são formadas na “escola da comunidade”, em meio às alegrias, tristezas, perdas, ganhos, conflitos, desafios, dificuldades, vida e morte. É na vivência e convivência com o outro que nós encontramos o nosso próprio eixo porque, sozinho e isolado ninguém é capaz de nada!

Na contra-corrente da vida em comunidade está uma tendência diabólica ao individualismo que, enfraquece e, até mesmo, destrói as relações comunitárias. O individualismo é a perda de consciência e sensibilidade em relação ao outro. Para o individualista, o outro não existe, só ele existe. Por isso, radicaliza tudo com a medida do “eu”, do particular, do egoísmo…

A individualidade, ao contrário do individualismo, é um bem a ser sustentado porque, a valorização do indivíduo, de suas potencialidades, de suas qualidades, de seus talentos, de seu jeito de ser… é o ponto de partida fundamental, para que cada um seja feliz e ocupe o seu lugar no mundo, fazendo-o melhor.

Na bíblia, o livro dos Atos dos Apóstolos apresenta o ideal de vida comunitária baseado na individualidade inspirada pelo Espírito Santo e o individualismo. A individualidade inspirada pelo Espírito Santo faz a comunidade crescer em dons e carismas, em pregação e testemunho, em partilha e martírio, em diálogo e serviço. O individualismo, entretanto, gera intrigas, divisões, perseguições, cobiça, inveja, competição e todo tipo de mal.

A comunidade é constituída por indivíduos abertos e formados pelo Espírito Santo de Deus. Dentro desta visão podemos falar de pluralismo e de unidade na diversidade. O que cada um é não deve ser afirmado contra o outro mas, em relação ao outro. Porque o que eu sou se completa naquilo que o outro é. Eu preciso do outro da mesma forma que o outro precisa de mim. O outro e eu formamos um “nós”; somamos; formamos uma comunidade. A imagem paulina do Corpo Místico de Cristo (1 Cor 12 ou Rm 12) é a melhor ilustração do que estamos dizendo.

Cada pessoa vive numa comunidade concreta e com pessoas concretas, num tempo bastante específico. Cada um, por aquilo que é, está apto para construir a unidade na diversidade, para formar a comunidade; para instaurar o Reino de Deus.

É sempre muito difícil a obra da fé. É sempre muito custoso o trabalho comunitário: leva tempo; exige renúncias, troca de idéias, partilha e reuniões; aparecem dificuldades, conflitos, desentendimentos, brigas… Mas, é o trabalho comunitário, o que mais realiza uma pessoa porque, na comunidade, tudo o que acontece é fruto autêntico da nossa humanidade, sem maquiagem e sem véus. Os imaturos desistem e fogem porque não suportam enfrentar os outros e nem a si mesmos.

É preciso ter muita fé, paciência e perseverança para continuar na comunidade.

Em sua paróquia, certamente, existe uma longa caminhada de comunidade. Existe uma história de fé realizada por muitas pessoas, as vezes anônimas, mas reais; talvez já falecidas mas, imortais; quem sabe afastadas, por algum motivo, mas próxima o bastante para, quem sabe, voltar. São muitos os sujeitos da fé. Se você não conhece a sua paróquia pelas pessoas que nela vivem, não conhece nada. Muitas conquistas importantes foram feitas em nível pessoal e estrutural, mas, ainda há, muito por fazer, um longo caminho a percorrer e muito que aprender em termos de vida comunitária.

Quem acredita na comunidade não desiste nunca porque “Deus não nos deu um espírito de medo, mas um espírito de força, de amor e de sabedoria” (2Tm 1,7).

 

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS