Diocese de Assis
Domingo, dia 12 de junho a Igreja celebra a Santíssima Trindade, por isso convém dedicar algumas palavras para tratar este mistério da fé.
Num tempo em que se fala tanto de Deus, há um grave perigo de se banalizar e até mesmo esvaziar a verdade sobre Deus, o conhecimento de Deus, a busca de Deus, a força do nome de Deus e a essência de Deus.
Deus não está fora do nosso alcance. Ele não é inacessível à nossa razão. Deus é EMANUEL, que quer dizer: “Deus está conosco” (Is 7,14).
É possível, conhecer a Deus? É possível o conhecimento verdadeiro de Deus?
Na verdade, de Deus, falamos sempre por analogia. Usamos de comparação para entender a sua magnitude, seu poder e majestade. Nós conhecemos a Deus por suas obras. A Natureza fala de Deus. Os seres vivos falam de Deus. O ser humano fala de Deus. O ser de Deus, no entanto, a razão não consegue penetrar; nós não temos acesso a não ser pela Revelação que o próprio Deus faz a nós, pela fé. É pela fé que conhecemos o mistério de Deus que se revela como Pai, Filho e Espírito Santo.
“A Trindade é um mistério de fé no sentido estrito, um dos ‘mistérios escondidos em Deus, que não podem ser conhecidos se não forem revelados do alto’. Sem dúvida Deus deixou vestígios do seu ser trinitário na sua obra de Criação e na sua Revelação ao longo do Antigo Testamento. Mas, a intimidade do seu Ser como Santíssima Trindade constitui um mistério inacessível à pura razão e até mesmo à fé de Israel, antes da Encarnação do Filho de Deus e da missão do Espírito Santo” (Novo Catecismo, 237).
Quando falamos da Santíssima Trindade não professamos três deuses; Deus é UM. A Trindade é UNA. Quer dizer, são três pessoas em um só Deus. Isso não significa que Deus está repartido em três fatias ou que as pessoas divinas dividem entre si um pouquinho da divindade. Não é isso não! A verdade é que, cada uma delas é Deus por completo.
Em outras palavras “O Pai é aquilo que é o Filho, o Filho é aquilo que é o Pai e o Espírito é aquilo que são o Pai e o Filho, isto é, um só Deus quanto à Natureza”. Em definitivo, “cada uma das três pessoas é esta realidade: a substância, a essência ou a natureza divina” (Novo Catecismo, 253).
O que parece impensável e incompreensível é, na verdade, a mais profunda verdade da fé. “O mistério da Santíssima Trindade é o mistério central da fé e da vida cristã. É o mistério de Deus em si mesmo. É, portanto, a fonte de todos os outros mistério da fé, é a luz que os ilumina. É o ensinamento mais fundamental e essencial na ‘hierarquia das verdades da fé’. Toda a história da salvação não é, senão, a história da via e dos meios pelos quais o Deus verdadeiro e único, Pai, Filho e Espírito Santo, se revela, reconcilia consigo e une a si os homens que se afastam do pecado” (Novo Catecismo 234).
Todos nós somos participantes da vida divina e do mistério trinitário. Fomos Batizados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, cumprindo o mandato expresso de Jesus: “Toda a autoridade foi dada a mim no céu e sobre a terra. Portanto, vão e façam com que todos os povos se tornem meus discípulos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que ordenei a vocês. Eis que eu estarei com vocês todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28,18-20).
A Igreja é fruto do mistério trinitário. A Trindade gera comunidade. Ela é a base sobre a qual a comunidade se constrói. Nela, toda autoridade provém do Pai, todo serviço provém do Filho e todos os dons (carismas) provém do Espírito Santo. Cada pessoa, na comunidade, recebe um dom para o bem de todos. Por isso, cada um, sendo o que é e fazendo o que pode, age para o bem da comunidade, colocando-se a serviço de todos, como dom gratuito. Desse modo, cada um e todos se tornam testemunho e sacramento da autoridade, do serviço e do dom do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS