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Diocese de Assis

 

            Um dos últimos sucessos cinematográficos dos EUA chama-se Vivo. Seu subtítulo: “Tem alguém aí”? Trata-se de um documentário sobre a Eucaristia. Ao contrário daquele enredo fracassado, que anos atrás, tentou denegrir os mistérios da fé católica, apresentando um filme de conteúdo homossexual com o título Corpus Crhisti.  É de se estranhar que tão profundo título merecesse protestos da população, mesmo antes de vir a público. Mas, baseado na versão teatral, entenderemos a fúria popular, que provocou o fracasso daquela versão. Tratava-se de uma aberração histórica, que apresentava um Jesus homossexual, mantendo relações com seus discípulos.

            O enredo era tão pernicioso e vil, que sequer mereceu destaque na imprensa. Só o tomo como base de uma reflexão, para mostrar a que ponto pode chegar o indiferentismo e o sadismo humano diante das verdades sagradas. Os “Versos satânicos”, de Rush, tinha somente o peso do título, pois não afrontaram tão diretamente o teor da fé islâmica. Mas não é bom alimentar polêmica, porém calar-se é um remendo pior, omissão, consentimento. “Anjos e Demônios” estão soltos no mundo. Desse embate nos sobra sempre a vitória do Bem.

            Pois bem! O satanismo tem, sim, sua força, sua maneira de trabalhar e confundir as convicções humanas, atrapalhar o enredo do filme que a história projeta. A única e drástica intervenção do “diretor” dessa película – a vida – foi exatamente o envio de seu Filho. Conhecemos a história e seu final crucial. O corpo banalizado e profanado, a incompreensão de sua proposta de amor sem limites, os versos e a poesia de seu ensinamento em nada alteraram o coração de seus algozes. Vemo-lo, então, erguido sobre o madeiro da cruz humilhante, despojado e nu. Mas vê-lo-emos logo depois em seu corpo radiante, translúcido, vitorioso, qual hóstia pura que a consagração do Pai nos permite “ver e tocar” através do mistério da transubstanciação, a Eucaristia.

            Em meio a seus algozes também estão seus discípulos. Demônios aqueles, anjos estes. Se você se posta dentre os anjos do Cristo – seu seguidor – é hora de se posicionar com firmeza. Quem não respeita a fé que nos alimenta, quem desrespeita a pureza do Filho de Deus também comete heresia contra sua Igreja, seu Corpo Místico. Tal heresia ultrapassa nossa própria indignação, pois vai além do direito de manifestação de fé ou justificativa de incredulidade que o livre arbítrio nos permite. Ultrapassa, no mínimo, a ética que qualquer sociedade civilizada deve preservar. Jesus nos ensina a tapar os ouvidos e fechar os olhos diante de certas situações. Há, porém limites. Quando o objeto em questão é a fé, mais especialmente, a pessoa do Cristo, não se trata de simples tapa contra o rosto da Igreja, mas ao próprio rosto desfigurado do Servo Sofredor. Um ultraje à vida eucarística e ao mistério de sua presença na hóstia pura, o Corpo de Cristo!

            O corpo foi invólucro da passagem divina entre nós. Não poderia e não se conceberia nunca um corpo profano, viciado, corrompido pela maldade própria das paixões humanas. Nele residiam e conviviam a paixão divina e a mais completa natureza humana; tão humana que era divina, tão divina que se tornou humana! Um corpo que abrigasse tamanha presença, não poderia nunca ser maculado pela baixeza de nossos vícios e paixões. Esse corpo hoje se faz alimento, pão vivo que nos purifica contra as mazelas e fraquezas próprias do corruptível corpo que ainda nos abriga.

            Pelos idealizadores do documentário eucarístico devemos agradecer. Pelos formuladores da blasfêmia contra o corpo de Cristo devemos rezar. “Amar os que nos caluniam” é um desafio cristão. Ao Cristo e ao seu corpo vilipendiado, à sua vida posta na lama de nossas fraquezas pedimos misericórdia. Ele que nos remiu com seu corpo, seu sangue… Diria Santo Agostinho, neste instante: “Não me caluniem os soberbos, porque eu conheço bem o preço da minha redenção. Como o Corpo e bebo o Sangue desta Vitima. Distribuo pelos outros. Sou pobre e anelo saciar-me com Ela (a Eucaristia) na companhia daqueles que a comem e se saciam”. Esse é o corpo de Cristo!

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]