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Diocese de Assis

 

 

Evangelizar é preciso. Mas, como evangelizar sem perder o essencial do evangelho? Para resolver essa dúvida devemos voltar ao evangelho. Assim não perderemos o caminho, a direção e a meta da Evangelização.

O Evangelista Mateus em 28,16-20 apresenta a evangelização vinculada a um mandato de Jesus. Quer dizer, a evangelização é uma obra que acontece se perpetua na vida de fé e não conhece limites uma vez que não se esgota nas atividades, nos planos, nos projetos e sonhos de quem quer que seja. A evangelização não obedece padrões do gênio humano, pelo contrário, os ultrapassa porque, é algo que nasce no coração do próprio Deus e, por isso mesmo, é antes de tudo, obra de Deus em nós. Primeiro porque Cristo é o Evangelho que se dá por si mesmo e, segundo, porque é a sua Vontade que deve prevalecer aos discursos, práticas.

Retomando a Exortação Apostólica “Alegria do Evangelho”, do Papa Francisco, podemos entender melhor as razões que nos permitem rever e refazer o caminho da evangelização como coisa de Deus em nós, na Igreja e no mundo.

No parágrafo 19, diz o papa: “A evangelização obedece ao mandato missionário de Jesus: “vão e façam com que todos os povos se tornem meus discípulos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que ordenei a vocês” (Mt 28, 19-20). Nestes versículos, aparece o momento em que o Ressuscitado envia os seus a pregar o Evangelho em todos os tempos e lugares, para que a fé n’Ele se estenda a todos os cantos da terra.”

O papa Francisco aprofunda a reflexão indicando a via de afirmação da Evangelização: a saída missionária.

Vejamos os indicativos desta via de afirmação:

Parágrafo 20: “Na Palavra de Deus, aparece constantemente este dinamismo de ‘saída’, que Deus quer provocar nos crentes. Abraão aceitou a chamada para partir rumo a uma nova terra (cf. Gn 12, 1-3). Moisés ouviu a chamada de Deus: ‘Vai; Eu te envio’ (Ex 3, 10), e fez sair o povo para a terra prometida (cf. Ex 3, 17). A Jeremias disse: ‘Irás aonde Eu te enviar’ (Jr 1, 7). Naquele ‘ide’ de Jesus, estão presentes os cenários e os desafios sempre novos da missão evangelizadora da Igreja, e hoje todos somos chamados a esta nova ‘saída’ missionária. Cada cristão e cada comunidade deve discernir qual é o caminho que o Senhor lhe pede, mas todos somos convidados a aceitar esta chamada: sair da própria comodidade e ter a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho.

Parágrafo 21: “A alegria do Evangelho, que enche a vida da comunidade dos discípulos, é uma alegria missionária. Experimentam-na os setenta e dois discípulos, que voltam da missão cheios de alegria (cf. Lc 10, 17). Vive-a Jesus, que exulta de alegria no Espírito Santo e louva o Pai, porque a sua revelação chega aos pobres e aos pequeninos  (cf. Lc 10, 21). Sentem-na, cheios de admiração, os primeiros que se convertem no Pentecostes, ao ouvir ‘cada um na sua própria língua’ (At 2, 6) a pregação dos Apóstolos. Esta alegria é um sinal de que o Evangelho foi anunciado e está a frutificar. Mas contém sempre a dinâmica do êxodo e do dom, de sair de si mesmo, de caminhar e de semear sempre de novo, sempre mais além. O Senhor diz: ‘Vamos para outra parte, para as aldeias vizinhas, a fim de pregar aí, pois foi para isso que Eu vim’ (Mc 1, 38). Ele, depois de lançar a semente num lugar, não se demora lá a explicar melhor ou a cumprir novos sinais, mas o Espírito leva-O a partir para outras aldeias.

Parágrafo 22: “A Palavra possui, em si mesma, uma tal potencialidade, que não a podemos prever. O Evangelho fala da semente que, uma vez lançada à terra, cresce por si mesma, inclusive quando o agricultor dorme (cf. Mc 4, 26-29). A Igreja deve aceitar esta liberdade incontrolável da Palavra, que é eficaz a seu modo e sob formas tão variadas que muitas vezes nos escapam, superando as nossas previsões e quebrando os nossos esquemas.”

 

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS