Diocese de Assis

A TERRA: TEMA CENTRAL DO LIVRO DE JOSUÉ

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O livro de Josué está dentro do conjunto dos livros históricos. Aliás, esse livro é o primeiro na seqüência desses livros históricos. E, certamente, o motivo que faz jus a esse lugar é a importância das questões sobre a Terra, levantada pelos seus escritos e porque, também, Josué e considerado como profeta pois, Deus revelou a ele sua vontade, que deveria ser transmitida ao povo, do mesmo modo como fez com Moisés: “Depois da morte de Moisés, servo de Javé, Javé falou a Josué, filho de Nun, auxiliar de Moisés” (Js 1,1) e “Javé disse, então, a Josué: ‘Mande que os sacerdotes que levam a arca do testemunho subam do Jordão’.” (Js 4,15-16)

A questão da terra, no livro de Josué é tratada dentro de duas grandes abordagens: a entrada/tomada de posse terra (Js 1-12) e a sua distribuição entre as tribos (Js 13-22)

Para chegar na Terra Prometida, o Povo de Deus fez uma longa travessia pelo deserto. O povo segue impulsionado pela promessa, feita por Deus, de terra fecunda e descendência numerosa, aos patriarcas e matriarcas. Por outro lado e, ao mesmo tempo, levam, na vida, o peso de uma longa historia de escravidão no Egito e acreditando.

Em hebraico o nome de Josué significa “Deus Salva” ou “Que o Senhor salve”. Ora, o significado do nome de Josué tem tudo a ver com o sentido do seu chamado e sua missão, como líder do povo de Deus, indo à sua frente.

A entrada na terra de Canaã é o resultado da ação conjunta das tribos, sob a liderança de Josué. Mas, isso só se realiza porque Deus é presença fiel à sua promessa.

A realização da promessa acontece como um Dom Maior. Não se trata, apenas, de possuir um lugar para morar, trata-se de viver uma nova história à base de uma Aliança e viver como um povo que o Senhor conquistou por sua fidelidade.

O livro de Josué, nesse sentido, é a memória viva dos acontecimentos que dão conta de uma nova mentalidade que deverá perdurar para sempre, no coração do povo de Deus.

A Terra é um Dom que Deus prometeu e realiza sob o testemunho de Josué.

Essa visão e consciência vai ficando mais clara, a medida que o povo caminha, experimentando a fidelidade de Deus e tropeçando em suas próprias infidelidades. É no tempo do exílio que, a duras penas, o povo vai compreendendo a necessidade de obedecer a Lei porque, uma vez perdoado da infidelidade e levado de volta à terra de Israel, não vão experimentar mais a destruição. A terra é dom de Deus, mas, para permanecer nela, é preciso a fidelidade do povo à Aliança que Deus estabeleceu e sustenta com seu amor e fidelidade.

Além do dom da Terra, o livro de Josué tem uma outra temática: a importância de um bom líder, fiel à vontade de Deus capaz de estabelecer a unidade de todo o povo de Israel. Daí se entende que, Josué não é um guerreiro, nem tão pouco um conquistador: ele é alguém que cumpre as normas dadas por Deus. Na verdade as vitórias são de Deus que, também, é fiel às suas promessas.

A imagem guerreira de Deus e dos seus servos, na terra de Canaã visa colocar em relevo a seriedade do compromisso assumido com Deus, numa aliança bilateral. Deus estabeleceu um pacto com o povo, exigindo a fidelidade de ambos. Se o povo é fiel obterá as bênçãos e uma das bênçãos é, justamente, a eliminação dos inimigos.

“O que Javé tinha ordenado a Moisés, seu servo, também Moisés ordenou a Josué, e Josué cumpriu: não deixou de realizar nada do que Javé tinha ordenado a Moisés. Desse modo, Josué tomou essa terra toda: a região montanhosa, o Negueb, toda a terra de Gósen, a planície, a Arabá, a serra de Israel e sua planície, desde o monte Pelado, que sobe na direção de Seir, até Baal-Gad, no vale do Líbano, ao pé do monte Hermon” (Js 11,15-17).

 

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS

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