Diocese de Assis

LIDERANÇA E RESPONSABILIDADE COLETIVA

image_pdfimage_print

Se tudo o que a gente faz tem conseqüências, da mesma forma, tudo o que nos é confiado, acarreta responsabilidade.

Quando olhamos para uma liderança, em qualquer extrato social, ela tem responsabilidade coletiva na realização da missão que lhe foi confiada, uma vez que, antes mesmo da expectativa que existe nas pessoas, em relação a essa liderança, existe uma confiança que foi depositada em seu serviço, quando lhe foi atribuído o referido encargo. Assim sendo, se alguém não quer arcar com a responsabilidade que pesa na  missão  recebida, ou deve renunciar ou nem receber o encargo. Mas, se recebeu, conscientemente, a missão estará sujeito a tudo o que este ofício tem de atribuição específica, no direito e no dever.

No mês da Bíblia estamos estudando o livro de Josué e, o subsídio de estudo deste mês, nos oferece a análise de duas lideranças, junto ao povo de Israel, nas lutas que envolvem a conquista da terra prometida. Trata-se da liderança de Josué (Js 1,1-9) e a liderança de Acã (Js 7,1-26).

Vamos aos fatos

Em Js 1,1-9, Josué e apresentado como alguém que dará continuidade à liderança de Moisés, frente ao povo, como servo, obediente aos mandamentos da Lei do Senhor. Isso fará dele uma figura exemplar.

O estudo indica que, não é possível identificar Josué com um “chefe militar, dado que a conquista da Terra Prometida e a sua distribuição para as tribos de Israel estão condicionadas à observância da Lei de Moisés. A fórmula ‘sê forte e corajoso’ tem a finalidade de introduzir uma exortação antes de uma batalha ou de uma campanha militar Somente em Js 1,7 temos uma advertência quanto à observância da Lei. Assim, a exortação ‘sê forte e corajoso’ não é para encorajá-lo a enfrentar os inimigos sobre o campo de batalha, mas para observar a Lei dada a Moisés.

Em Josué 7,1-26, é apresentado o segundo exemplo de liderança, encarnado na pessoa de Acã. A situação que envolve Acã é a postura, sem discernimento, em relação à Lei do Senhor.

O estudo indica que, “Israel estava avisado de que não poderia pegar absolutamente nada que pertencia aos povos dos territórios que eram derrotados, pois tudo deveria ser consagrado a Deus. Se alguém transgredisse as normas do Senhor, traria o extermínio a todo o acampamento. Acontece, porém, que Acã transgride essa norma e pega os bens de Jericó, atraindo para todo o povo a ira divina. De fato, ao declararem guerra contra Hai, um povo não numeroso, os israelitas são derrotados e ficam amedrontados, à semelhança dos inimigos nas batalhas anteriores (Js 2,25; 5,1). Diante da derrota, Josué suplica a Deus, “acusando-o” de ter abandonado o seu povo. Mas Deus se defende e informa a Josué que Israel violou a Alian ça, ao renegá-lo e ao roubar os despojos de Jericó que lhe pertenciam. Consequentemente, não adianta suplicar ajuda, mas, sim, é necessário eliminar da comunidade aquele que cometeu o delito. Acă confessa seu pecado, é executado por lapidação (apedrejamento) e enterrado no vale de Acor, que signifi ca “Vale de Desgraça”.

O mesmo estudo apresentado pelo subsídio traz as provocações do Papa Francisco que, na carta encíclica Fratelli tutti, dedica o capítulo V para refletir sobre “A melhor política”, que é vista como aquela que está a serviço do bem comum. Afirma que o verdadeiro político é aquele que coloca a “dignidade humana no centro”, e que o amor político se expressa no “reconhecer todo ser humano como um irmão ou uma irmã”. Ao terminar esse capítulo, o papa elenca as seguintes perguntas, destinadas aos líderes políticos: “Quanto amor coloquei no meu trabalho? Em que fiz progredir o povo? Que marcas deixei na vida da sociedade? Que laços reais construí? Que forças positivas desencadeei? Quanta paz social semeei?”.4 Que essas questões também possam ajudar-nos a avaliar nosso modo de exercer a liderança na comunidade, na pastoral, no trabalho; ou, até mesmo, que possamos confrontá-las com nosso comportamento com relação às pessoas que nos circundam.

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS

Botão Voltar ao topo