Diocese de Assis
TESTEMUNHAR O CRISTO
O significado de um testemunho é algo um tanto quanto machista, discriminatório, quase pornográfico. Vem de testículo, já que exigia um gesto, quase um juramento, com a declaração pública de um fato acompanhada do ritual de “segurar” o testículo do juiz ou oponente e assim proclamar a verdade ou o fato posto em dúvidas. Só mais tarde é que se passou a usar a mão sobre a Bíblia e jurar dizer a verdade em questão. Ainda bem. Caso contrário, teríamos hoje muitas omissões e falsos testemunhos, apesar de sequer a barba ou bigode dos canastrões de outrora terem sido de alguma valia. A mentira continuou imperando, distorcendo a história e muitas de nossas campanhas eleitoreiras. Está em curso nos dias atuais.
Mas a campanha que aqui pretendo abordar não tem nada dessas aberrações históricas. Surgiu há exatos 50 anos, quando o catolicismo universal renascia das catacumbas romanas, após um Concílio renovador a lançar novas luzes e ânimo sobre a tarefa evangelizadora da Igreja. Nesse ano jubilar, por sugestão do Papa Francisco, além da objetividade pura e simples de sua temática, a presente Campanha Missionária reafirma: “A Igreja é missão”, mas segue o lema: “Sereis minhas testemunhas” (At 1,8). Simples e claro. A missão é tarefa única e exclusiva da Igreja que somos e, como tal, nosso testemunho é fundamento da fé que professamos. Sem este não existe aquela. Sem Igreja, nossa eclesialidade de nada valeria. Seria como o sino a badalar no vazio, sem retumbar seus sons e acordes maravilhosos. Uma guitarra sem energia, um clarim sem melodia, uma trombeta, uma tuba com gato dentro… A missão da Igreja é, sim, fazer barulho dentro e fora do homem adormecido, introspectivo em seu vazio, que olha para dentro de si mas só enxerga a si mesmo. Não encontra Deus em seu coração!
Nesses 50 anos, tenho o orgulho de também celebrar um ano Jubilar, como membro de um grupo de leigos que um dia ousaram assumir essa identidade missionária dentro do catolicismo. O Meac, Missionários para Evangelização e Animação de Comunidades, nasceu com esse movimento renovador da Igreja e, desde então, vem construindo sua história aos trancos e barrancos, tentando mostrar aos cristãos leigos sua necessidade de testemunhar o Cristo sem “puxar” nada de ninguém, a não ser trazer para si a responsabilidade que nosso batismo e inserção cristã nos obriga a praticar. (Veja o site www.meac.com.br). Nosso testemunho está em livro digital, onde o que se encontra é a simplicidade de vida de vários companheiros que viveram e vivem essa experiência missionária. Se você sentir esse chamado, entre em contacto, pois estamos necessitando, urgentemente, de sangue novo nessa tarefa evangelizadora, desafiadora, de ser Igreja realmente missionária.
Não pense você que esta seja uma missão puramente clerical, religiosa. Já foi o tempo em que somente padres e freiras recebiam o mandato missionário como autoridade legitimamente constituída pelo múnus evangelizador da Igreja. Hoje, todos somos enviados. Mais do que nunca, o mundo necessita do testemunho e da presença eclesial como fonte de vida e esperança para todos. A omissão tem preço. Se o mundo se distancia das verdades de Cristo é porque nosso juramento batismal, nossa imersão nas águas da nossa fé, não provocou a purificação oferecida; ao contrário, contribuiu ainda mais para uma eventual condenação. Você, batizado, está em processo de cura das eventuais lepras que a vida sem Deus provoca no ser humano. Dez foram curados, um só voltou e agradeceu. E, detalhe, era um estrangeiro, alguém distante da comunidade que cercava a origem cristã. Será que aguardamos um missionário de outras terras para “dar glórias a Deus”?
WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]