Diocese de Assis
As POM, Pontifícias Obras Missionárias, encarregadas de Articular, motivar e mobilizar o Povo de Deus para outubro, o mês missionário, nos propõe, neste ano, através da Campanha Missionária, a reflexão e oração em torno do tema: A Igreja é Missão. O tema faz parte de uma tríade que começou em 2020, com o tema: “A vida é missão” e, 2021, “Jesus Cristo é Missão”.
O Programa Missionário Nacional, oportunamente lançado em 2019 para o quadriênio 2019 a 2023, traz algumas reflexões muito oportunas que eu quero compartilhar.
A natureza missionária da Igreja
“Peregrinando, a Igreja é missionária por própria natureza, já que, segundo o desígnio de Deus Pai, origina-se da missão do Filho e da missão do Espírito Santo” (AG, n. 2). Com essa afirmação, o Concilio Vaticano II recuperou a concepção teológica da natureza missionária da Igreja. Deus é missão; seu amor fontal misericordioso quer comunicar-se ao mundo. Esse amor é o movimento da própria Trindade. O Filho é o revelador do amor misericordioso do Pai ao mundo e quer levar tudo ao Pai. O Espírito Santo, na sua missão trinitária, plenifica a obra do Pai e do Filho e movimenta a história para que tudo seja um com o Pai.
A Igreja surge do Filho, por obra do Espírito Santo, para participar dessa missão como “sacramento universal ou sinal e instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano” (LG, n. 1). “A intimidade da Igreja com Jesus é uma intimidade itinerante, e a comunhão ‘reveste essencialmente a forma de comunhão missionária” (EG, n. 23). A missão assim compreendida não é algo optativo, uma atividade da Igreja entre outras, mas a sua própria natureza. A Igreja é missão! “A ação missionária é o paradigma de toda a obra da Igreja” (EG, n. 15).
A missão é maior do que qualquer metodologia pastoral, movimento ou atividade. Ela revela a própria essência de Deus que tem uma Igreja vocacionada a ser testemunha de Cristo na história “A missão chama a Igreja para servir ao propósito de Deus no mundo, A Igreja não possui uma missão, mas a missão possui uma Igreja”,” Os discípulos missionários, enviados por uma Igreja local ou por uma instituição, devem estar em comunhão com quem os enviou e com a Igreja que acolhe.
“Embora exija a participação e a responsabilidade pessoal, a missão é sempre tarefa eclesial, de cunho comunitário. Não é propriedade particular restrita a alguém ou a um grupo. (…) Uma Igreja Sinodal valoriza os diversos níveis, favorecendo a participação de to dos e promovendo uma ‘salutar descentralização”. “Uma centralização excessiva, em vez de ajudar, complica a vida da Igreja e sua dinâmica missionária” (EG, n. 32).
Pelo Batismo e demais Sacramentos de iniciação à vida cristã, somos inseridos no corpo de Cristo para sermos os seus discípulos missionários, testemunhas de Jesus Cristo na vida eclesial e nos diferentes setores da sociedade. O Papa Francisco tem falado da dimensão existencial da missão: “Eu sou uma missão nesta terra, e para isso estou neste mundo” (EG, n. 273). A vida se torna uma missão. Ser discípulo missionário está além de cumprir tarefas ou fazer coisas. Está na ordem do ser. É existencial, identidade, essência e não se reduz a algumas horas do dia: “A missão no coração do uma parte da minha vida, ou ornamento que posso pôr de lado; não povo não é um apêndice ou um momento entre tantos outros da minha vida. É algo que não posso arrancar do meu ser, se não me quero destruir” (EG, n. 273). Na Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate (GeE), o Papa, usando as palavras de Xavier Zubiri, chega a afirmar: “Não é que a vida tenha uma missão, mas a vida é uma missão” (GeE, n. 27). É uma realidade de vida em que os batizados se deixam envolver pela presença de Deus e a transmitem para o mundo.
PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS