Diocese de Assis
O tempo presente é de Festa: há todo um ritual de preparação até chegar para o momento. O Natal não é simplesmente festa, é festa litúrgica, por isso compartilho com todos uma reflexão sobre festa.
Festa é a linguagem mais completa e eloqüente da vida humana. Festa é um patrimônio da humanidade. Uma festa traduz, sempre, de modo grandioso, as verdades, os valores e a beleza existente no nascimento e na morte, nas lutas e nas labutas, nas alegrias e nas tristezas, nas vitórias e nos fracassos, nas perdas e nos ganhos, nas conquistas e nas derrotas, nas dúvidas e na fé de todos nós.
Festa é sempre Celebração da Vida. E sua perpetuação é garantida pelos ritos, símbolos, gestos que ocupam o imaginário das pessoas, ultrapassando a linha do tempo e as fronteiras sócio-culturais.
Festa litúrgica é tudo isso, só que vivido e experimentado dentro de uma perspectiva religiosa porque remete à esfera do Divino e do Sagrado todo o sentido e o valor do que está celebrando. Isso quer dizer que, o enfoque, a razão primeira e o motivo fundamental da Celebração são as obras de Deus na vida humana e, por conseguinte, a atração, o fascínio, o impacto, a emoção, o calor e os sentimentos experimentados em razão destas “obras exemplares”.
Quando olhamos a Sagrada Escritura, nos deparamos com uma enormidade de festas, ligadas, principalmente, ao universo simbólico do mundo agro-pastoril, porque este é o eixo da existência e da sobrevivência do povo da Bíblia. Encontramos a festa das Tendas, do Dia da Expiação, dos Tabernáculos, da Páscoa, do Sábado, de Pentecostes e muitas outras festas. Com isso, a Tradição Bíblica nos ensina que, a razão de ser das festas é manter viva a memória histórica dos grandes feitos de Deus e o senso de valor e pertença a esta história. Na Sagrada, Escritura, portanto, festa é um SINAL de algo primoroso: a relação entre Deus e os homens.
O Cristianismo conservou as festas no bojo de sua concepção teológico-doutrinária garantindo-lhes o sentido místico mas, aprofundando e desenvolvendo seu poder pedagógico para iniciar e inserir as pessoas no mundo do sagrado e da fé, a partir das ricas experiências de Deus feitas pelo Povo de Israel.
O Catolicismo, depositário de uma herança de fé milenar, mantém a mesma tradição bíblico-cristã das festas, como espaço genuíno de celebração da vida e das grandes obras de Deus. E perpetua, através delas, aquele senso de valor e de pertença à História de Salvação que os nossos antepassados viveram e que continua sendo atual e verdadeira para nós.
O Cristianismo, num período importante de auto-afirmação, suplantou os cultos pagãos politeístas e a festa ao Deus sol com a festa do único Deus e Sol verdadeiro: o Cristo. Sendo assim, o dia 25 de dezembro foi consagrado para celebrar a Festa do Natal de Jesus.
O natal como celebração do Nascimento de Jesus é um marco referencial porque, estabeleceu o início de um novo tempo, tanto no calendário como na história da humanidade. O Natal é um divisor de águas entre para a fé, a cultura e para a sociedade.
O Sentido bíblico do natal começa com uma promessa de Deus: “Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe porá o nome de Emannuel – Deus-conosco” (Is 7,14). Deus cumpre a sua promessa: “quando se completou o tempo previsto, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher” (Gl 4,4). Assim, “a Palavra de Deus se fez homem e habitou entre nós” (Jo 1,14).
Natal é a festa universal da Encarnação de Deus na vida e na história humana. O nascimento de Jesus confirma e cumpre o propósito de Deus em relação a nós: nos resgatar, nos recuperar do pecado e nos salvar.
A ordem é festejar! Nós somos festa! Vida longa a todos nós para que, depois das festas na terra, alcancemos celebrar a festa no céu! Feliz Natal a todos. Que o menino Jesus seja, de fato, a novidade da festa que celebramos.
PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS