Diocese de Assis

TESTEMUNHAR É TUDO

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          Chegamos a uma encruzilhada capaz de moldar nossas opções. Aliás, toda e qualquer encruzilhada sempre nos obriga a uma escolha, seguida do desejo de acertar e seguir o melhor caminho. A opção pelo Cristo, por seu seguimento e obediência a seus ensinamentos, também é uma dessas escolhas que um dia fizemos, faremos ou não. De uma forma ou de outra, essa opção religiosa exige uma atitude de coerência, o chamado testemunho de fé. Sem este, não há porque se dizer cristão. O testemunho é tudo na prática cristã.

          Foi essa a atitude mais marcante na história de vida de João Batista, o primeiro dos cristãos ainda no ventre da mãe, o primo consanguíneo que por primeiro anunciou a novidade cristã: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. Isso não era um simples anúncio, um presságio qualquer, mas a mais profunda das certezas semeada e germinada com o vigor do coração profético daquela tênue voz… Aquela “voz que clama no deserto”, como diria Jesus, era portadora da mais pura das verdades ansiada e desejada por gerações milenares, que escreveram suas histórias ao custo de muita dor, sofrimento constante, mas esperança sempre renovada. “Eu vi e dou testemunho”, diria o profeta.

          Esse profetismo e testemunho incondicional, quase um pacto de sangue em prol da verdade messiânica, está se esgotando nos dias atuais. Estamos atravessando tempos nebulosos e de gritante arrefecimento da fé. Muitas cabeças hoje rolam, mas não como rolou a de João, entregue de bandeja aos caprichos e ciúmes de Salomé, a filha da  rainha, corrompida pelo pecado da ambição, do poder, da vaidade sem limites. Salomé, a serpente dos apelos mundanos, tem agora outras facetas, mas a mesma perversão daquela que persuadiu o rei. Continua idêntica em seus sorrateiros ataques à ingenuidade daqueles que a ela se submetem, pois todos os que se deixam enganar pelas seduções das belezas e ilusões mundanas, colocam a própria cabeça a prêmio. Com uma diferença: essa sentença, ao contrário daquela que vitimou o inocente Batista, fazem por merecer. Os palácios dos homens que cultuam a vida e seus prazeres, mas desdenham da dor e sofrimento da grande maioria de semelhantes ao largo dos seus reinados, não podem, não devem, não merecem proteção alguma das forças sobrenaturais que – estas sim – governam o mundo.

          Dia mais, dia menos, daremos conta do prejuízo que a incerteza na fé está propiciando à vida. Reconhecer o “Cordeiro de Deus”, que passa entre nós, é fácil, possível a qualquer vivente possuidor de um mínimo de razão ou consciência. Porém testemunhar sua autenticidade e ação exige comprometimento público. E aqui é que são elas. Nem sempre se é capaz de colocar em risco privilégios, mordomias, status ou mesmo prestígio político-social. Nem sempre a visão da fé é capaz de ampliar os horizontes da triste realidade do ceticismo, hedonismo e secularismo que hoje limita nossas atitudes testemunhais e aumenta nossas preocupações meramente transitórias. Deus é mais. É aquele que passa e tira o pecado do mundo! Purifica com água, mas batiza com fogo!

           Testemunhar é penetrar nessa fogueira, nesses mistérios de amor e fé. Batismo de Fogo é o nome… Quem realmente deseja ver restaurados os valores cristãos e humanos no mundo que hora ocupamos, precisa imergir nessa fogueira que queima sem consumir, que abrasa sem nunca esfriar, que brilha sem deixar sombras… A fé verdadeira, simples como a pomba, cristalina como a mais pura água, só será vencedora se forjada no fogo do Espírito que nos governa. “Eu vi e dou testemunho: este é o Filho de Deus!” (Jo 1,34).

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]

            

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