Diocese de Assis

A SALVAÇÃO É UM DOM DE DEUS, MAS...

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A situação do ser humano em relação à vida é de permanente busca para prolongar seus dias e de alcançar a felicidade. Isso não é tão simples e não acontece sem riscos e abismos colossais. O fato é que, em todos nós, persiste um instinto de sobrevivência e auto-preservação-conservação que procura evitar, ao máximo, dor e sofrimento, perda e derrota, morte e aniquilamento…

O prolongamento dos dias parece coincidir com o ideal de imortalidade e a busca da felicidade com o ideal do paraíso. Mas vale perguntar: “de que imortalidade se trata? Que paraíso é esse?

Marcados pelo hedonismo que é imediatista, estamos lançados numa busca desenfreada de prazer e satisfação imediata, rápida, obsessiva e compulsiva do aqui-e-agora ou do agora-ou-nunca. Essa via de realização, forjada na mente, no coração e no corpo do indivíduo está cheia de armadilhas.

Este é o império do instinto que permite uma busca insana, desregrada e desenfreada. Ora, instinto é sempre instinto e, como tal, mostra-se desmedido e inconseqüente revelando-se, ao mesmo tempo obsessivo e transgressor nas suas pretensões, buscas e auto-afirmação. Via de regra, o instinto não mede o custo de sua auto-afirmação e, quando o pretendido não é realizado, salta-se, imediatamente, para compensações.

De uma maneira ou de outra, todas as pessoas querem se salvar. Mas, infelizmente, preservando-se e/ou poupando-se de tudo e de todos, cava-se uma enorme sepultura numa satisfação hedonista do sexo, do poder, da fama, da moda, do dinheiro, do status, da ostentação, das armas, da violência, das vantagens…

O tempo não basta para quem a vida é só prazer. O mundo é pequeno para quem a regra é somente o instinto. Não há salvação possível para quem vive a vida numa insatisfação doentia.

Temos tudo, mas nada nos pertence. Aliás, a situação da vida no mundo tem seus condicionamentos na dor, no sofrimento, na perda, na derrota, na morte… Quanto mais fugimos disso, mais vivemos uma vida como um faz de conta. Ora, não dá para viver no mundo como se estivéssemos nas nuvens; não é possível conviver com os outros como se fossemos anjos. Viver tem um preço de dor e sofrimento, de perda e dano, de renúncia e morte.

A vida alcançará seu verdadeiro sentido quando entendermos que este mundo não é morada definitiva e nem garantia de felicidade plena. As promessas deste mundo tem seus limites e deve nos fazer voltar os olhos para o infinito; para o alto; para Deus. Querendo salvar-nos a nós mesmos, caímos no risco de querer salvar-nos sem Deus. E isso é trágico!

Em termos de fé, a salvação é um dom de Deus, tanto para esta vida como para a vida eterna. A salvação não é uma promessa para depois da morte. A salvação é plenitude da vida que tem sentido agora, em meio às enormes e renhidas lutas e, esperança no amanhã, em meio às incertezas e apreensões do futuro.

Deus não somente salva, ele é a salvação! Por isso, por uma questão de fé, devemos voltar o nosso olhar para Deus, sem medo ou desconfiança e, entregando-nos a ele, permitir que ele nos salve. Tanto na vida presente como na vida futura, ainda, neste mundo e, tanto mais depois da morte, no céu.

A Palavra de Deus nos permite uma nova perspectiva de vida na fé, além de nos colocar diante da liberdade frente a salvação, oferecida por Deus como um Dom. Por isso vale a pena algumas revisões pela palavra: Am 6,1.4-7: Ai dos que vivem tranqüilos e se sentem seguros em seus desvios e crimes; Is 29,15-24: Ai daqueles que procuram esconder-se de Javé para ocultar seus próprios projetos; Pr 3,27-34: É preciso usar de sabedoria nos atos e nas escolhas da vida; Jo 15,1-6: Quem fica unido a mim, e eu a ele, dará muito fruto, porque sem mim vocês não podem fazer nada; 1Tm 6,11-16: Você, porém, homem de Deus, fuja de tudo o que destrói (…) Combata o bom combate da fé; Lc 16,19-31: Dêem ouvidos a Moisés e aos profetas para corrigir seus usos e costumes, para salvar a sua vida.

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS

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