Diocese de Assis
Para a fé, tudo é mistério porque, tudo vem de Deus e Deus é mistério. Nada, neste mundo, fica tão claro, para nós, senão quando nos deixamos iluminar por aquele que é a origem de tudo porque, foi ele que, tudo criou. Assim, entendemos que, se a luz não ilumina por dentro, nada fica claro e visível em lugar nenhum. Não é a toa que a primeira grande obra de Deus-Pai foi criar a luz que resplandece a face do próprio Deus e que ilumina o restante da obra criada.
Sob a luz da fé a vida fica toda iluminada e, pouco a pouco, pelo poder da luz de Deus, em nós, vamos mergulhando no mistério de Deus e de todas as coisas.
Deus nunca se esconde: Deus se revela! Essa é a sua pedagogia sempre!
A revelação é, portanto, uma graça de Deus dada a nós. Dado que a graça supõe a natureza, o ponto de partida da revelação de Divina é a própria realidade humana com todo universo simbólico que a compõe: linguagem, cultura, costumes, hábitos, ritos, práticas… Revelação é encontro!
A religião que, tem por missão religar: o céu e a terra, o humano e o divino… cria um diálogo ritual que facilita o acesso a Deus, aproximando-o de nós e elevando-nos a ele, num grande encontro, no caminho e na caminhada, como peregrinos que somos. A religião não se basta aos seus ritos: ela é mediação do encontro. Os fies não se bastam em sua busca individualista de Deus: todos pelejam de mãos dadas e em apoios mútuos, para se encontrarem com o Senhor que, sempre, toma a iniciativa de vir ao encontro.
A religião cristã tem como meta buscar as coisas do alto, chegar ao céu, encontrar-se com o Pai, pela via do Cristo, fazendo-se discípula dele para fazer como ele, ser como ele e viver como ele, na simplicidade e na humildade.
A liturgia da Igreja Católica procurando atualizar o sentido da fé, como busca-encontro-conversão traz, para dentro da prática religiosa, o tempo litúrgico, onde as ações de Deus e seus mistérios são atualizados na vida presente, na história real, no tempo de agora, na vida concreta das pessoas.
A cada ano a liturgia nos permite mergulhar no mistério de Deus, na história, com a ajuda de um dos evangelistas. Neste ano quem nos ajuda é o evangelista Mateus. O ano Litúrgico se inicia tempo do advento (novembro/dezembro), levando até o Natal do Senhor. Depois das festas natalinas que se prolonga até o Batismo de Jesus (janeiro), a gente chega no tempo comum que nos apresenta Deus no cotidiano da vida mais comum.
Quando chega a quarta feira de cinzas, inicia-se o tempo da quaresma com um grande convite para seguirmos os passos de Cristo, num discipulado de conversão
O caminho quaresmal é, no tempo litúrgico da Igreja, a celebração-vivência do Mistério do Deus que nos desperta e nos encaminha para o restabelecimento da consciência do pecado e o arrependimento, com a certeza do perdão e da misericórdia.
Na prática do jejum, da oração, da caridade e de outros atos de piedade, procuramos viver o chamado de Deus para todos nós como nos anuncia o profeta Joel:
“Pois agora – oráculo de Javé – voltem para mim de todo o coração, fazendo jejum, choro e lamentação. Rasguem o coração, e não as roupas! Voltem para Javé, o Deus de vocês, pois ele é piedade e compaixão, lento para a cólera e cheio de amor, e se arrepende das ameaças. Quem sabe, ele volte atrás e se arrependa, deixe para nós bênção, oferta e libação de vinho para Javé, o Deus de vocês. Toquem a trombeta em Sião, proclamem um jejum, convoquem uma assembléia. Reúnam o povo, organizem a comunidade, chamem os velhos, reúnam os jovens e crianças de peito. O jovem esposo saia do quarto, a jovem esposa deixe o seu leito. Os sacerdotes, ministros de Javé, venham chorar entre o pórtico e o altar, e digam: “Javé, tem piedade do teu povo! Não entregues a tua herança à vergonha, à caçoada das nações”. Por que se deveria dizer entre os povos: “Onde está o Deus deles?” (Jl 2,12-17).
Aproveitemos o tempo que temos e a oportunidade que Deus nos dá de receber a graça da conversão para a vida eterna.
PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS