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Diocese de Assis

Exercícios físicos são ótimos e recomendáveis para a saúde mas, é preciso observar algumas recomendações porque, em certos casos, exercícios servem para perder (por exemplo peso) e outros servem para ganhar (por exemplo massa magra). Não aconteça que, sem nenhuma noção de benefícios uma pessoa se envolva em atividade física que prejudique a si mesmo por excesso ou por falta de cuidado.

Caso semelhante acontece com a fé: muitos são os exercício que nos ajudam no crescimento espiritual e, as vezes, nem sabemos e nem nos damos conta. É muito importante que, tendo clareza sobre a realidade espiritual de nossa existência, saibamos exercitar a fé, com exercícios de piedade que, em certas ocasiões, nos ajudam a perder (com as renúncias…) ou nos façam ganhar (como a caridade…).

O jejum é um excelente exercício da piedade cristã que coopera para a nossa conversão e nos permite crescer e amadurecer. Mas é importante lembrar que o jejum como qualquer exercício de piedade está relacionado com a experiência do amor a Deus e ao próximo. O jejum é bem feito quando tem por base e referência as exigências do Reino: amor, justiça, verdade e misericórdia.

O profeta Isaías nos aponta alguns elementos de coerência para um bom Jejum:

“Grite a plenos pulmões, sem parar; solte como trombeta o som da sua voz; mostre ao meu povo os seus crimes e faça a casa de Jacó conhecer os seus pecados. Dia após dia, eles parecem me procurar, mostram desejo de conhecer os meus caminhos; parecem povo que pratica a justiça e que nunca se esquece do direito do seu Deus. Eles vêm me pedir as regras da justiça, eles querem estar perto de Deus. E dizem: ‘Por que jejuamos, e tu não viste? Por que nos humilhamos totalmente, e nem tomaste conhecimento?’

Acontece que, mesmo quando estão jejuando, vocês só cuidam dos próprios interesses e continuam explorando quem trabalha para vocês.

Vejam! Vocês jejuam entre rixas e discussões, dando socos sem piedade. Não é jejuando dessa forma que farão chegar lá em cima a voz de vocês. Vejam! O jejum que eu aprecio, o dia em que uma pessoa procura se humilhar, não deve ser desta maneira: curvar a cabeça como se fosse uma vara, deitar de luto na cinza…

É isso que vocês chamam de jejum, um dia para agradar a Javé?

O jejum que eu quero é este: acabar com as prisões injustas, desfazer as correntes do jugo, pôr em liberdade os oprimidos e despedaçar qualquer jugo; repartir a comida com quem passa fome, hospedar em sua casa os pobres sem abrigo, vestir aquele que se encontra nu, e não se fechar à sua própria gente.

Se você fizer isso, a sua luz brilhará como a aurora, suas feridas vão sarar rapidamente, a justiça que você pratica irá à sua frente e a glória de Javé virá acompanhando você. Então você clamará, e Javé responderá; você chamará por socorro, e Javé responderá: ‘Estou aqui!’ Isso, se você tirar do seu meio o jugo, o gesto que ameaça e a linguagem injuriosa; se você der o seu pão ao faminto e matar a fome do oprimido. Então a sua luz brilhará nas trevas e a escuridão será para você como a claridade do meio-dia;

Javé será sempre o seu guia e lhe dará fartura até mesmo em terra deserta; ele fortificará seus ossos e você será como jardim irrigado, qual mina borbulhante, onde nunca falta água; as suas ruínas antigas serão reconstruídas, você levantará paredes em cima dos alicerces de tempos passados. Vão chamá-lo reparador de brechas e restaurador de ruínas, onde se possa morar” (Isaías 58,1-12).

Sem espírito de conversão, nenhum exercício de piedade tem efeito benéfico, vira brasa na cabeça de quem o pratica.

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS