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Diocese de Assis

Nós temos boca é para falar! Como é bom falar! Mas, precisamos saber controlar o poder da língua. A língua é capaz de tudo: construir e destruir, bendizer e amaldiçoar, elogiar e criticar, fazer e desfazer, crescer e minguar…

A Sagrada Escritura, nas suas primeiras páginas, constata que Babel, a confusão das línguas é uma estrutura perniciosa da auto-suficiência humana que deturpa valores e relações (cf. Gn 11,1-9).

A língua é sempre muito controversa porque, “salta”, com a maior rapidez e facilidade, do louvor a Deus à injustiça brutal.

São muitas as vozes que clamam em nós, mas, nem sempre deixamos ecoar o som que reverbera as nossas verdades mais profundas. Reverberamos sim: piadas, anedotas, indecências, escárnios.  Por que não falamos mais coisas que edificam? “Que nenhuma palavra inconveniente saia da boca de vocês; ao contrário, se for necessário, digam boa palavra, que seja capaz de edificar e fazer o bem aos que ouvem” (Efésios 4,29).

“Todo mundo logra o seu próximo, e ninguém fala a verdade; treinam a língua para falar mentiras, e praticam a injustiça até se cansar. A língua deles é uma flecha envenenada: tudo o que falam é pura tapeação. Cada um fala de paz com o próximo, mas, no íntimo, está preparando armadilhas” (Jr 9,4.7).

“As vezes, a pessoa escorrega sem querer. Quem nunca pecou com a língua?” (Eclo 19,16). “Os políticos emudeciam, e a língua deles ficava colada ao céu da boca” (Jó 29,10).

“Há quem use a língua como espada, mas a língua dos sábios produz cura. A língua sincera permanece para sempre, mas a língua mentirosa dura apenas um instante” (Pr 12,18.19). “Quem vigia a própria boca conserva a vida; quem solta a língua caminha para a ruína” (Pr 13,3).

“Morte e vida dependem da língua; quem sabe usá-la, comerá do seu fruto” (Pr 18,21). “Quem guarda a boca e a língua evitará muitos apertos” (Pr 21,23). “Os imbecis têm a mente na língua; os sábios têm a língua na mente” (Eclo 21,26). “A chicotada deixa marca, mas o golpe da língua quebra os ossos. Muitos já caíram pelo fio da espada, mas não foram tantos como as vítimas da língua” (Eclo 28,17.18).

Diante destas questões todas: que crédito podemos dar à palavra de alguns jornais e jornalistas que, inescrupulosamente, forjam notícias?  Que crédito podemos dar à palavra de alguns políticos que, vergonhosamente, mentem e corrompem? Que crédito podemos dar à palavra de certos pregadores da Palavra de Deus que, mercenariamente, agem por dinheiro? Que crédito podemos dar à palavra dos agiotas que, oportunistamente, oferecem a mão para depois arrancar os corações? A quem dar crédito? Que crédito merecem aqueles que fabricam, usam e disseminam as infames fake news e outros estragos?

“Quem irá colocar um guarda na minha boca e um selo de prudência nos meus lábios, para eu não cair por culpa deles e a minha língua não me arruinar?” (Eclo 22,27). “Os meus lábios não dirão falsidades e a minha língua não pronunciará mentiras” (Jó 27,4). “Porque a sabedoria abriu a boca dos mudos e soltou a língua dos pequeninos” (Sb 10,21). “Como recompensa, o senhor me deu língua e, com ela, eu o louvarei” (Eclo 51,22).

Esconder a palavra para não dar ocasião à língua, não será, nunca, uma solução ou um caminho porque, ninguém vive sem a palavra. O que, naturalmente podemos e devemos fazer é cultivar a espiritualidade do silêncio que nos enche de sabedoria, além de nos preparar para a palavra certa, na hora certa.

Que Deus nos dê o dom do Silêncio!

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS