Diocese de Assis

A FÉ PROFESSADA!

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Professar a fé não é, apenas, dizer: “Eu creio!” Nem, tão pouco, seguir todas as doutrinas da igreja; freqüentar, mesmo que; assiduamente, todas as reuniões e celebrações; não fazer nada de errado. Professar a fé é, também, isso. Mas, o núcleo da profissão de fé é reconhecer Deus como o absoluto de nossa vida e, em cujo Mistério encontra-se nossa totalidade, conforme diz o autor sagrado: “(…) pois é ele que dá a todos vida, respiração e tudo o mais. De um só homem, ele fez toda a raça humana para habitar sobre toda a face da terra, tendo fixado os tempos previamente estabelecidos e os limites de sua habitação. Assim fez, para que buscassem a Deus e para ver se o descobririam, ainda que fosse às apalpadelas. Ele não está longe de cada um de nós, pois nele vivemos, nos movemos e existimos” (Atos 17,24-28).

A fé, que nos permite uma vida total em Deus, sem deixarmos de ser humanos, nos aproxima, exatamente, daquele que se tornou humano para nos revelar nosso ser divino: Jesus Cristo, nosso Senhor.

Professar a fé é contemplar, dia-a-dia, o autor da vida como água na sede, alegria na tristeza, força no desalento, coragem na luta, esperança no fracasso, dom no talento, sabedoria na inteligência, vida na morte… tudo em todos.

Certa ocasião, “Jesus chegou à região de Cesaréia de Filipe, e perguntou aos seus discípulos: ‘Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?’ Eles responderam: ‘Alguns dizem que é João Batista; outros, que é Elias; outros ainda, que é Jeremias, ou algum dos profetas.’ Então Jesus perguntou-lhes: ‘E vocês, quem dizem que eu sou?’ Simão Pedro respondeu: ‘Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo.’ Jesus disse: ‘Você é feliz, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que lhe revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. Por isso eu lhe digo: você é Pedro, e sobre essa pedra construirei a minha Igreja, e o poder da morte nunca poderá vencê-la. Eu lhe darei as chaves do Reino do Céu, e o que você ligar na terra será ligado no céu, e o que você desligar na terra será desligado no céu.’ Jesus, então, ordenou aos discípulos que não dissessem a ninguém que ele era o Messias” (Mateus 16,13-20).

Assim se expressa o Carlos Alberto Contieri, sj, em seu comentário sobre esse trecho: “O relato da “profissão de fé de Pedro” encontra-se nos três evangelhos sinóticos. Certamente, o episódio retrata um momento de crise, pois, não obstante o ensinamento e tudo o que Jesus faz, os seus contemporâneos não são capazes de reconhecer a manifestação salvífica de Deus na pessoa de Jesus de Nazaré. O evangelho mostra que a dificuldade diz respeito não somente aos opositores de Jesus e à multidão, mas também aos seus próprios discípulos. É Jesus quem, em Cesareia de Felipe, faz a dupla pergunta aos seus discípulos: ‘quem dizem que eu sou? E vós quem dizeis que eu sou?’ Curiosamente, naquele lugar, prestava-se, no passado, culto ao deus Pan. É exatamente nesse lugar idólatra que os discípulos são desafiados por Jesus a professarem a fé num único Messias. A resposta à primeira pergunta remete simplesmente ao passado. As pessoas não vêm em Jesus a realização da promessa de Deus, nem o Messias prometido. A resposta de Pedro, expressão da fé de toda a Igreja, faz com que o leitor compreenda que o Messias deixou de ser objeto de uma promessa e esperança para adquirir um rosto concreto em Jesus de Nazaré. A rocha indestrutível sobre a qual a Igreja está construída é a fé de Pedro; é ela que sustenta a comunidade dos discípulos no seguimento de Jesus Cristo, o Senhor. Mas a profissão de fé de Simão Pedro não é fruto do esforço da razão. Ela é dom da revelação gratuita de Deus, prometida aos “pequeninos” (Mt 11,25). A primazia de Simão Pedro em relação aos demais discípulos vem do fato de ele professar com exatidão a fé cristã. O silêncio imposto por Jesus aos discípulos diz respeito à sua identidade como Messias. Esse silêncio tem um duplo significado: Jesus não pretende ser confundido com nenhuma das correntes messiânicas de sua época e, ao mesmo tempo, o silêncio oferece ao leitor do evangelho a oportunidade de ele mesmo responder a pergunta cristológica fundamental: Quem é Jesus?

Professemos a nossa fé!

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS

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