Diocese de Assis
Quem nunca assistiu a um filme, documentário ou mesmo peça teatral que versasse sobre uma caça a um tesouro perdido? Nunca leu um livro a respeito? Um gibi que fosse? O tema, por mais ilusório que possa ser, cativa a todos e nos faz viajar em aventuras mil, inimagináveis, fantasiosas. Todos temos, dentro de nós, esse espírito aventureiro, criativo e sonhador, capaz de despertar-nos para a conquista de tesouros infinitamente preciosos, riquezas fáceis, segurança permanente. Então vem Jesus e sopra em nossos ouvidos: “O Reino dos Céus e como um tesouro escondido” (Mt 13,44). Eureka, simples assim!
Não tão simples. A curta afirmativa tem também seus mistérios e critérios para encontra-lo. Primeiramente não se trata de uma riqueza terrena, tangível, palpável, mensurável nos critérios humanos. É um Reino. Possui também quem o rege, um rei soberano que tudo sabe, tudo pode e conduz seu reinado com o cetro do Amor, da Justiça, da Igualdade e Fraternidade entre seus súditos. É dos Céus. Portanto, foge de nossa realidade, onde nossa alegria muitas vezes se torna ilusória, passageira, momentânea. Nesse reinado o que impera é a alegria da descoberta de um novo tesouro, maior, mais precioso, infinitamente mais perene que qualquer outro conceito de riqueza e poder que um ser humano possa imaginar em vida.
Equivale a um tesouro. Algo tão precioso e gigantesco que a primeira reação de quem o descobre é ocultá-lo, não o revelar a mais ninguém. Mas a preciosidade dessa descoberta é contagiante, necessita de ser partilhada com mais pessoas ou ao menos com aquelas com as quais mais nos identificamos, temos vínculos de amizade, de parentesco, de sangue… Uma alegria que preenche nosso coração e explode em nossos poros, no simples ato da respiração que nos mantêm vivos, é impossível ser retida dentro de nós. Tal qual a definição inversa que o livro do Eclesiastes um dia nos fez: “Quem descobriu um amigo, descobriu um tesouro” (6,14). E Jesus, em seu discurso sobre o valor da amizade, evoca também a alegria dessa descoberta: “Digo-vos estas coisas para que a minha alegria esteja em vós, e a vossa alegria seja completa” (Jo 15,11).E conclui: “Vós sois meus amigos”.
Mas esse tesouro está oculto para aqueles que não lhe deram o devido valor. Triste realidade de grande maioria dos que viajam conosco na aventura da vida. São meros coadjuvantes duma história épica, real, sem falsas ilusões ou alegrias fugazes. Estamos aqui, todos com iguais condições de competividade e munidos dos mesmos recursos para o encontro definitivo com os louros de uma conquista, uma descoberta pessoal: para se descobrir esse tesouro é preciso corresponder à amizade com o Cristo, o soberano, o príncipe dos príncipes, o dono da vinha. Só Ele tem a chave desse Reino! Só Ele pode nos revelar os mistérios desse tesouro escondido!
Portanto, se a aventura da vida, da sua vida, ainda não lhe apresentou razões para ambicionar também as riquezas celestiais, cuidado! Você ainda não descobriu o valor imensurável das alegrias e bonanças que poderemos encontrar no outro lado dessa história.
WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]