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Diocese de Assis

 

          Assim a Igreja apresenta mais uma de suas campanhas missionárias, desejando antes que esse caminho seja feito com corações ardentes. Sempre gostei da mística presente no simbolismo de uma caminhada, em especial com o lirismo dos pés descalços. “Corações ardentes, pés a caminho” é o lema da nova Campanha Missionária desse outubro ardente em sua temperatura máxima, mas que também precisa do ardor renovado das muitas vocações missionárias ainda inseguras no desafio evangelizador. Coincidentemente, temos no início desse mês um evangelho desafiador: “Filho, vai trabalhar hoje na vinha!” O convite aos dois filhos se repete hoje. A resposta é que são elas…

Vejam bem: ambos se contradizem! O primeiro diz que não vai. Mas vai. O segundo diz que vai. Mas não vai. E a pergunta final de Jesus se torna enigmática, mas também profundamente questionadora: “Qual dos dois fez a vontade do pai?” (MT 21,31).

Estamos diante de uma situação que nos diz respeito, como Igreja que somos. No tempo de Jesus eram dois os grupos que constituíam o Povo de Israel. O primeiro era a classe vigente da casta religiosa, os sumos sacerdotes e os anciãos do povo. O segundo era a ralé, prostitutas e cobradores de impostos, a classe mais abjeta, as ovelhas perdidas, como denominou Jesus. Já os governantes e elites sociais estavam fora da meta de salvação, pois não tomavam parte no aprisco das ovelhas, não constituíam a chamada “vinha” do Senhor. O objetivo primeiro na construção do Reino de Deus deveria ser o povo de Israel e os dois filhos representavam esse povo.

O que mudou? Não fosse a universalidade da missão cristã, que no holocausto da cruz agregou todos os povos e se tornou uma questão humana, humanitária, sem distinção de classes, ou raças, ou crenças, a vinha do Senhor é hoje seara sem divisas. Por isso o desafio cristão não tem limites, é universal. Por isso a Igreja conclama: “Ide da Igreja local aos confins do mundo”. Evangelizar não é um mero direito constitucional, que respeite fronteiras ou culturas, ou tradições místicas de um povo. É dever outorgado pela força da fé que move um coração ardente, renovado na descoberta de um novo Reino, a possibilidade de transformação do mundo, dos homens e mulheres tocados pela revelação cristã. Parece discurso dogmático ou proselitismo puro e simples, mas antes das pregações místicas que Jesus pronunciou na vizinhança do Calvário, a prática e o exemplo se deram com seus “pés a caminho” pela periferia da Terra Santa, da Samaria e das Galileias  que constituíram o cenário de sua escola evangelizadora. “Os cobradores de impostos e as prostitutas vos procedem”… Creram por primeiro. Mateus e Madalena que o digam.

Então, quem faz a vontade do pai? Num primeiro momento, muitos dizem não ao desafio missionário que Jesus nos faz diuturnamente. Porém, agraciados pela revelação da verdade, acabam cedendo e se tornam evangelizadores ardorosos. Pior são aqueles que dizem sim a tudo e a todos, mas na última hora fogem de qualquer compromisso ou testemunho da fé que dizem possuir. Lembre-se do que nos disse o Mestre: “Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino de Deus”. Com qual dos filhos você se identifica?

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]