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Diocese de Assis

Se olharmos para os diversos conceitos de moral que hoje colecionamos, veremos um conjunto de disparates que se chocam. A moralidade já não se define. Não sabe o que é. Tornou-se briga de cego na escuridão. Ninguém mais a define com convicções claras e ensinamentos coerentes com seus princípios. O que a moral representa para alguns é totalmente antagônica para outros. Conceitos divergentes.

Nesse caos onde minam dúvidas e incertezas, onde comportamentos sociais bailam à mercê dos modismos circunstanciais, me pergunto: como fica a moral cristã?

A resposta exige cuidados. Porque se existe uma definição moral acachapada pelas leis da moralidade moderna, a moral cristã é a predileta, a mais vilipendiada, a que mais sofre ataques e incongruências na guerra da moralidade em curso. Curioso é que a razão de ser da moral tem raízes estritamente cristãs. Curioso que o ser moralista, para a “moral dos imorais”, tornou-se sinônimo de atraso, conservadorismo, visão retrógrada, ensinamentos que não se coadunam com tempos modernos. A moral social se volta contra sua própria origem. Assim não há santo que entenda esse angu.

Uma volta às origens fornece pistas esclarecedoras. O homem chamado a seguir Jesus foi convidado a trocar o instinto animal pelas riquezas espirituais. Para tanto, submete-se a regras claras e distintas para aprimorar seu comportamento. Aqui nasce a moral cristã. Sua primeira ação foi valorizar a liberdade como fonte de graça e louvor. Os graus de liberdade lhes trariam o conhecimento da moral.

Começa pela semelhança do homem com Deus. Nessa mútua relação, a retidão moral exalta os valores da consciência, que o faz seguir normas de prudência para não desapontar seu Criador. As regras se estabelecem à medida que seu coração se abre à experiência do verdadeiro amor, aquele que não se define com simples palavras, mas com a vida. O positivismo desse sentimento se adequa aos apelos de Cristo, cuja lei moral emerge de seus ensinamentos.

Havia uma lei natural entre os povos primitivos, mas esta ganhou grau e modo de obrigatoriedade na revelação cristã. A lei divina da moralidade humana tornou-se a lei de Cristo. Todas as leis justas ressaltam a liberdade em face das leis injustas e estas se neutralizam diante da justiça do amor. Amor que é divino. Divino também porque humano, como Cristo em sua divindade amorosa, que nos trouxe o resumo das virtudes humanas. Essa é sua moral. Essa é a conduta única e verdadeira da sã doutrina em sua moralidade serena e imutável. Nada se lhe acrescenta. Muito menos se subtrai. Dai a razão de classificar mudanças nessa doutrina moral perfeita e única como uma atitude de insanidade. Os modernos pensadores atentem para o ridículo de se tentar mudanças naquilo que, por si, já é imutável. À lei de Cristo não se acrescenta nem til, nem ponto, nem vírgula. Muito menos normas de origem duvidosa, pois que duvidoso o ser humano sempre foi.

O conhecimento da lei moral tem uma única raiz, a obediência aos mandamentos divinos. Não fossem esses, nenhuma restrição moral teria razão de ser. Isso todos nós sabemos. Só custamos a entender. Ora, se conhecemos a lei e o pecado, se sabemos o que é certo e errado, então ouçamos o que o Mestre nos diz, felicitando aquele fariseu cumpridor das leis: “Então vá… e pratique tudo o que está escrito na lei”.           Mas não tente modificá-la.

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]