Diocese de Assis
A Páscoa da Ressurreição que a Igreja celebrou no último domingo é muito mais do que uma tradicional celebração Católica que encerra a Semana Santa; é muito mais do que uma solene cerimônia religiosa; é muito mais do que uma grande concentração religiosa. O que celebramos é o fundamento da fé. É a essência do cristianismo. É a razão de ser da Igreja Católica: sua origem, sua missão e finalidade.
O eixo da páscoa é o eixo da vida da Igreja: o Mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. Portanto, a Igreja vive da páscoa que celebra e experimenta cada dia, na celebração eucarística, o Cristo Vivo num estado de páscoa permanente. Neste Sentido o Mistério que celebramos no domingo passado não tem fim. Pelo contrário, renova-se a cada dia e renova a própria Igreja.
A liturgia oferece, nesta semana, o que chamamos “oitava da páscoa”. É uma semana vivida como se fosse um dia, o domingo da ressurreição. Enquanto se prolonga por uma semana, o domingo da ressurreição mostra a força de renovação da vida, num tempo que não tem fim. Deus, não só espalha a semente da vida em todos os lugares deste mundo, mas a faz germinar, contrariando e vencendo o espírito de morte, mostrando a força das obras de suas mãos, principalmente, sobre o homem.
A obra de Deus é admirável na criação, mas, muito mais admirável, na redenção, diz uma oração proclamada no Sábado Santo. E é exatamente essa a profundidade do Mistério Pascal: Deus não criou o ser humano e o abandonou ao poder do nada. Ele criou e cuida, bem de perto, com as mesmas mãos, os que fomos constituídos seus filhos e filhas.
Somos testemunhas de que nada tem faltado à Igreja, ao longo dos séculos, porque a providência de Deus sempre chegou antes das nossas necessidades. É preciso admitir: o que necessitamos é sempre muito diferente do que pedimos e queremos. Por isso, a providência de Deus manifestada pela Páscoa da Ressurreição é o tudo que nos têm faltado e não sabemos compreender e experimentar.
Diante disso, que postura de fé precisamos assumir? É preciso viver a fé de modo eucarístico. Fazer da Eucaristia, não apenas um ritual do templo, mas uma celebração da vida que desperta para a mesma prática de Jesus, os mesmos sentimentos de Jesus, o mesmo espírito de Jesus, o mesmo amor de Jesus, a mesma dinâmica de Jesus, a mesma coerência de Jesus, a mesma ousadia de Jesus, a mesma obediência de Jesus porque “Ele, apesar de sua condição divina, não fez alarde de ser igual a Deus, mas se esvaziou de si e tomou a condição de escravo, fazendo-se semelhante aos homens. E mostrando-se em figura humana, humilhou-se, tornou-se obediente até a morte, morte de cruz. Por isso Deus o exaltou e lhe concedeu um título superior a todo título, para que, diante do título de Jesus, todo joelho se dobre, no céu, na terra e no abismo; e toda língua confesse, para a glória de Deus Pai: Jesus Cristo é o Senhor!” (Filipenses 2,6-11, segundo a Bíblia do Peregrino).
Eu me alegro em compartilhar com todos essas poucas linhas e dizer, como sacerdote, o quão maravilhoso é celebrar a Eucaristia e, inspirado por ela, ser chamado a viver uma vida como a de Jesus. Não é o fato de ser sacerdote que me faz capaz de viver como Jesus, mas, a Eucaristia que a Igreja recebeu como herança para si e para todos quantos dela se aproximarem como discípulos de Cristo.
É por isso que, a vida do Cristão só se faz verdadeira em estado de páscoa permanente. Isto é dom de Deus!
O apelo da páscoa continua insistente e instigante nas lutas diárias, por uma consciência de pertença ao Corpo de Cristo, seja no tecido eclesial ou social. Somos chamados, durante todo o ano 2024, a dar testemunho do ressuscitado e da ressurreição em nossas vidas!
PE. EDVALDO JOSÉ DOS SANTOS