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Diocese de Assis

 

Nós temos muita coisa a aprender com o coração. Muitos, já escreveram e falaram coisas muito profundas sobre o “fazer do coração” que vale a pena retomar:

Antoine de Saint-Exupéry, no livro ‘O Pequeno Príncipe’ dizia: “Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos”.

Blaise Pascal, dizia:“O coração tem razões que a própria razão desconhece e por isso a ciência e a técnica sempre ficarão aquém”.

A Bíblia, ao falar do coração, o vê como o centro do pensamento, dos projetos e do amor. Jesus dizia: “Felizes os puros de coração, porque verão a Deus” (Mt 5,8); “De fato, onde está o seu tesouro, aí estará também o seu coração” (Mt 6,21); “O homem bom tira coisas boas do bom tesouro do seu coração, mas o homem mau tira do seu mal coisas más, porque a boca fala daquilo de que o coração está cheio” (Lc 6,45).

Sob este ponto de vista, para avaliar as razões do coração, só aprendendo, também, a amar. E, sobre isso, o Apóstolo Paulo tem muito a nos ensinar: “É acreditando de coração que se obtém a justiça, e é confessando com a boca que se chega à salvação” (Rm 10,10); “Cada um dê conforme decidir em seu coração, sem pena ou constrangimento, porque Deus ama quem dá com alegria” (2Cor 9,7); “Que a paz de Cristo reine no coração de vocês. Para essa paz vocês foram chamados” (Cl 3,15).

São João Crisóstomo, bispo, século IV, numa de suas homilias sobre a segunda carta aos Coríntios, olha para este tema do amor em Paulo. Vale a pena ler.

“Nosso coração se dilatou!

Aquilo que produz calor costuma dilatar. Assim, é próprio da caridade dilatar, pois é uma virtude cálida e fervente. Ela abria também a boca de Paulo e lhe dilatava o coração. ‘Não amo só de boca, diz ele; meu coração, em verdade, harmoniza-se com o amor; por isso falo confiante, com toda a voz e toda a mente’.

Nada de mais amplo do que o coração de Paulo que, à semelhança de um enamorado, abraçava a todos os fiéis com intenso amor, sem dividir e enfraquecer a amizade, mas conservando-a indivisa. Que há de admirar se era assim em relação aos homens piedosos, se até aos infiéis da terra inteira seu coração os abraçava? Por isto não diz apenas ‘Amo-vos’, mas, o faz com maior ênfase: ‘Nossa boca se abre, nosso coração se dilata’.

Guardamos a todos dentro de nós e não de qualquer jeito, mas com imensa amplidão. Pois aquele que é amado, sem temor passeia no íntimo do coração do que ama. Assim diz: ‘Não estais apertados em nós, mas sim em vossos corações’. Vê a censura temperada com não pequena indulgência. Isto é bem de quem ama. Não disse: ‘Vós não me amais’, e sim: ‘Não do mesmo modo’. De fato, não queria atormentá-los com maior severidade.

Em várias passagens, extraindo textos de cada epístola sua, pode-se ver de que amor incrível ardia para com os fiéis. Aos romanos escreve: ‘Desejo ver-vos’; e: ‘Muitas vezes fiz o propósito de ir até vós’; e também: ‘Se de qualquer modo puder ir fazer-vos boa visita’. Aos gálatas escreve: ‘Meus filhinhos, aos quais gero de novo’; e aos efésios: ‘Por esta razão dobro meus joelhos por vós’. E aos tessalonicenses: ‘Qual a minha esperança ou gáudio, ou coroa de glória? não sois vós?’ Dizia, também, carregá-los em suas cadeias e em seu coração.

Igualmente aos colossenses escreve: ‘Desejo que vejais, vós e aqueles que ainda não viram meu rosto, a grande luta que sustento por vós, para que vossos corações se fortaleçam’. Aos tessalonicenses: ‘À semelhança de uma mãe que acalenta seus filhos, assim amando-vos, desejávamos vos dar não só o Evangelho, mas nossas vidas. Não estais apertados em nós’. Não diz apenas que os ama, mas que é amado por eles, para deste modo atraí-los melhor.  Pois assim escreve: ‘Tito chegou e contou-nos vosso desejo, vossas lágrimas, vosso zelo’.”

E o seu coração, o que tem a dizer? O que tem a quer? O que tem desejar? O que tem a amar?

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS