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Diocese de Assis

 

Um grande desafio da vida missionária é não se deixar contaminar pelas coisas do mundo. O cristão está inserido numa realidade cheia de contradições com sua fé. Essa é a questão: transformar ou se deixar transformar? Exigir mudanças ou mudar suas atitudes e convicções conforme as exigências do mundo? A atitude de coerência é o caminho único que trilha aquele que escolhe viver na verdade. Quem assim age, sacode a poeira das falsas ilusões. E segue seu caminho de fé.

O envio que Jesus faz a seus discípulos se dá após meticuloso ensinamento e consequente aprendizado. Primeiro a teoria. Depois a prática. Nessa estão inseridas as exigências de uma ação vitoriosa sobre o espírito mundano, as tentações e ilusões da vida sem critérios. Nada deveriam carregar como apêndice contra possíveis fracassos ou necessidades banais. O cajado de apoio seria seus ensinamentos e suas promessas. Os penduricalhos da sobrevivência viriam da Providência e do zelo amoroso do Senhor da Messe, aquele que agiria e falaria por eles. Sequer suas palavras seriam suas, mas teriam o timbre sempre inspirador e consolador do Espírito que os enviava. Dessa forma, não se preocupassem e não se deixassem contaminar pela poeira do fracasso dos que se fizessem surdos ou indiferentes à mensagem. O apelo à conversão estaria dado. Ser aceito ou não já não era problema dos que o faziam, mas daqueles que o recebiam…

Dois a dois partiram, naquela primeira expedição da Igreja rumo à vida dissoluta do mundo. Dois a dois voltaram, eufóricos, jubilosos, radiantes com os resultados daquela maravilhosa experiência de agir como outros cristos no mundo. “Expulsavam muitos demônios e curavam numerosos doentes, ungindo-os com óleo” (Mc 6, 13). Foi a primeira ação e animação missionária da Igreja.

O anúncio da conversão foi, é e continuará sendo o primeiro objetivo e razão de ser da Igreja no mundo. Seu modelo em nada se alterou, desde então. As circunstâncias e necessidades seguem o padrão estabelecido por Jesus, seu mentor e fomentador único. O missionário que age em dissonância com esses ensinamentos não representa o colegiado apostólico, não fala em nome da fé que a tradição cristã herdou das promessas de seu Mestre. Fora desse testemunho, do colegiado estabelecido, da experiência comunitária (dois a dois é o mínimo) e do abandono na proteção divina, não existe missão. Pelo menos essa que nos delegou Jesus com seu poder e autoridade.

Fora disso, demos o nome que bem entender às delegações que roubam a doutrina, distorcem seus ensinamentos, simulam seus ritos, ridicularizam sua hierarquia, confundem seus seguidores com facilitações à prática doutrinaria, mas nada possuem de autenticidade missionária. Agem como simulacros da verdade. Adaptam à tradição doutrinária dos apóstolos uma inversão de valores, nunca uma conversão… A esses a alegria de uma experiência missionária autêntica nunca será concedida. Missão impossível!

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]