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Diocese de Assis

 

Elogio é, sempre, uma coisa muito delicada e, por vezes, perigosa, porque pode ser semente para o orgulho e fermento para a vaidade. O elogio é necessário? Para que serve um elogio? Quem precisa de elogio? Qual é a origem do verdadeiro elogio? Essas e outras perguntas batem de frente com os diversos elogios que circulam entre nós.

Bom seria se ninguém precisasse ficar à caça de elogios e que eles fossem tão naturais quanto as obras que os inspiram a ser dados. Bom seria se os elogios não dependessem de vínculos, de interesses, de afetos, de sentimentos e de nada que pudesse comprometer a sua veracidade. Melhor, ainda, se esses elogios tivessem como pressuposto o Bem que respalda e está por detrás das palavras, das obras, das iniciativas, das ações e das vidas de quem os recebe. Porque, de outra forma, como diz o Eclesiastes 7,5: “É melhor ouvir a repreensão do sábio do que o elogio dos insensatos”

O livro do Eclesiastes nos chama à recordação da história para identificar onde, realmente, estão as pessoas ilustres e os elogios que lhes são devidos, por causa de suas vidas unidas ao altíssimo.

Eclesiastes 44,1-15

“Vamos fazer o elogio dos homens ilustres, nossos antepassados através das gerações. O Senhor neles criou imensa fama, pois mostrou sua grandeza desde os tempos antigos.

Alguns exerceram autoridade de rei e ganharam fama por seus feitos. Outros, por sua inteligência, se tornaram conselheiros, e fizeram revelações proféticas. Uns guiaram o povo com suas decisões, compreendendo os costumes de sua gente e tendo palavras sábias para instruí-la. Outros compuseram cânticos melodiosos e escreveram narrativas poéticas. Outros ainda foram ricos e cheios de poder, vivendo na paz em suas casas. Todos, porém, foram honrados por seus contemporâneos e glorificados enquanto viviam. Alguns deixaram o nome, que ainda é lembrado com elogios. Outros não deixaram nenhuma lembrança e desapareceram como se não tivessem existido. Foram-se embora como se nunca tivessem estado aqui, tanto eles como os filhos que tiveram. Mas aqueles que vamos lembrar foram homens de bem, cujos atos de justiça não foram esquecidos. Na sua descendência, eles têm uma rica herança, que é a sua posteridade. Seus descendentes permanecem fiéis às alianças, e graças a eles também seus netos.

A descendência deles permanecerá para sempre, e sua fama jamais se apagará. Seus corpos foram sepultados em paz, e o nome deles viverá através das gerações. Os povos proclamarão a sabedoria deles, e a assembléia celebrará o seu louvor.

Ora, se às pessoas ilustres cabem os elogios, por uma vida exemplar, unida a Deus, de modo semelhante, Deus deve entrar na lista do nosso reconhecimento, mas, ao invés de elogios, Deus merece o louvor.”

No mesmo livro do Eclesiastes 50,22-24, o escritor sagrado faz, a todos, o convite ao louvor a Deus: “E agora, bendigam o Deus do universo, que realiza por toda parte coisas grandiosas. Ele exaltou os nossos dias desde o seio materno e age conosco segundo a sua misericórdia. Que ele nos dê um coração alegre e conceda a paz aos nossos dias em Israel, para todo o sempre. Que a sua misericórdia permaneça fielmente conosco, e nos resgate enquanto vivermos.”

Finalmente, em Eclesiastes 51,1 o autor sagrado, do louvor convida ao agradecimento: “Eu te agradeço, Senhor Rei, e te louvo, meu Deus Salvador, glorificando o teu nome, porque foste para mim um protetor e socorro, e libertaste meu corpo da perdição, do laço da língua caluniadora e dos lábios que produzem a mentira. Na presença dos meus adversários, tu foste meu apoio e me libertaste, conforme a grandeza da tua misericórdia e do teu Nome, das mordidas daqueles que estavam prestes a me devorar. Tu me livraste das mãos dos que procuravam tirar-me a vida e das numerosas provas que sofri. Tu me livraste do fogo que me rodeava, de um fogo que não acendi, das profundas entranhas do mundo dos mortos, da língua impura, da palavra mentirosa.”

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS