Diocese de Assis
Terminamos o mês vocacional chamando a atenção sobre a fidelidade vocacional.
Toda história vocacional acontece dentro de um contexto social, político, econômico, cultural e religioso muito concreto e interpelador. Não é somente a pessoa e Deus. É a pessoa, Deus e a realidade. A sensibilidade humana, tocada pela “voz” de Deus que chama, e, inflamada pelo “clamor” da realidade, põe a descoberto o poder transformador da Vocação. Tanto sobre a realidade quanto sobre o vocacionado.
Na verdade, para ser realização da vontade de Deus, toda vocação precisa ser cultivada num ambiente de escuta permanente. A experiência do chamado, em sua forma original, persiste no vocacionado por toda a vida. Só há um chamado! O que muda, portanto, é forma de concretizar a vontade de Deus, em cada tempo e lugar, através do serviço daquele que OUVIU e RESPONDEU a Deus. O tempo muda; a realidade muda; Deus permanece! O Chamado permanece. A vocação permance. A fidelidade vocacional, portanto, deve estar voltada a Deus. Ser fiel à vocação é ser obediente a Deus.
Vejamos como isso pode ser entendido na história vocacional de Gedeão (Jz 6).
Contexto da vocação de Gedeão (Jz 6,1-6)
Os israelitas fizeram o que Javé reprova. E Javé os entregou aos madianitas por sete anos. O regime de Madiã foi tirânico sobre Israel. Para escapar de Madiã, os israelitas tiveram que usar as grutas nas montanhas, as cavernas e os esconderijos. Quando os israelitas semeavam, os madianitas, amalecitas e orientais os atacavam: acampavam na terra dos israelitas e destruíam todos os produtos semeados até perto de Gaza. Não deixavam para Israel nenhum meio de sobrevivência, nenhum cordeiro, nenhum boi e nenhum jumento. Chegavam com seus rebanhos e tendas, numerosos como gafanhotos, homens e camelos sem conta, invadindo e arrasando a terra. Desse modo, os madianitas reduziram Israel à miséria. Então os israelitas clamaram a Javé.
Interpretação da situação (Jz 6,7-10)
Quando os israelitas clamaram a Javé por causa dos madianitas, Javé enviou para eles um profeta, que lhes falou: “Assim diz Javé, o Deus de Israel: Eu fiz vocês saírem do Egito e os tirei da casa da escravidão. Eu livrei vocês do poder egípcio e do poder daqueles que os oprimiam. Eu os expulsei diante de vocês, e a vocês eu entreguei a terra deles. Eu disse a vocês: ‘Eu sou Javé seu Deus. Não tenham medo dos deuses dos amorreus, em cuja terra vão morar’. Mas vocês não me ouviram”.
Vocação de Gedeão (Jz 6,11-18)
O anjo de Javé chegou e se assentou debaixo do carvalho que está em Efra, na propriedade de Joás, filho de Abiezer. Foi quando Gedeão, filho de Joás, estava debulhando o trigo no tanque de pisar uvas, para escondê-lo dos madianitas. O anjo de Javé apareceu a Gedeão e lhe disse: “Javé está com você, valente guerreiro!” Gedeão respondeu: “Meu Senhor, se Javé está conosco, por que nos aconteceu tudo isso? Onde estão as maravilhas de que nossos antepassados falavam: ‘Javé nos tirou do Egito…’? O fato é que agora Javé nos abandonou e nos entregou na mão dos madianitas”. Então Javé se voltou para Gedeão e disse: “Vá. Com suas próprias forças, salve Israel dos madianitas. Sou eu que envio você”. Gedeão replicou: “Meu Senhor, como posso salvar Israel? Meu clã é o mais fraco da tribo de Manassés, e eu sou o caçula da casa de meu pai!” Javé lhe disse: “Eu estarei com você, e você derrotará os madianitas como se fossem um só homem”. Gedeão insistiu: “Se alcancei teu favor, dá-me um sinal de que és tu quem fala comigo. Não vás embora antes que eu volte e te faça uma oferta”. Javé respondeu: “Ficarei aqui até você voltar”.
Se Deus espera, como não permanecer fiel?
PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS