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Diocese de Assis

 

Culturalmente, missão, sempre, esteve ligada ao universo religioso e com implicações de fé. Esta linguagem é comum ao ambiente eclesial.

Missão deixou de figurar, tão somente, no universo religioso e como linguagem eclesial. O que parecia uma exclusividade, agora, é compartilhado por muitas organizações no domínio de seus negócios, seja em vista de melhores resultados econômicos e de produtividade; seja em função da caracterização e diferenciação de sua identidade, filosofia, produto e imagem.

Além da missão, as organizações ostentam mais duas ferramentas: Visão e Valores.

Com isso, poderíamos dizer que é tudo a mesma coisas?

É evidente que não! A aproximação da linguagem, não significa equiparação.

Quando falamos em missão dentro do universo religioso, continuam valendo os imperativos da fé que determinam o conteúdo e a forma da missão. A fé não é um produto de compra e venda e, a religião, não é uma organização empresarial. O específico Cristão não é um produto, mas, uma promessa: a salvação e a vida eterna.

Originalmente, no domínio da fé cristã, missão é servir. É próprio Jesus quem diz: “Quem quiser ser o primeiro, seja o servo de todos” (Mc 10,44).

Este ensinamento de Jesus nos obriga a desconstruir a imagem de missão que, infelizmente, foi sendo criada como cargo, prestígio e poder e, a imagem de serviço como tarefa, obrigação ou moeda de troca. De fato, a prática missionária, no seio da Igreja, sofreu, ao longo do tempo, muitas deturpações e esvaziamento.

Deve estar claro que a especificidade missionária da Igreja é necessária; por isso falamos em missão do papa, missão dos clérigos, missão dos consagrados, missão dos leigos, missão redentorista, missão popular, santas missões populares, missão jovem etc. Mas, antes disso, devemos falar em missão como algo relacionado à natureza, à essência, à vida da Igreja, em cada um de seus membros, a partir de Cristo, o Missionário do Pai. Nesse sentido, a missão é, não só aquilo que o sujeito da missão tem a dizer, a fazer ou a comunicar, mas, ele próprio é missão; sim! Uma vez que, se dispõe a missionar não o faz, prescindindo de si mesmo, de sua vida, de sua história, de sua existência. Pelo contrário, sua vida se faz missão; sua história se faz missão; sua existência se faz, missão. Por isso é que dizemos, a Igreja é missionária.

Missão é servir!

Tem a ver com amor, doação, entrega.

Diz o papa Francisco na Exortação Apostólica: A Alegria do Evangelho: “Na doação, a vida se fortalece; e se enfraquece no comodismo e no isolamento. De fato, os que mais desfrutam da vida são os que deixam a segurança da margem e se apaixonam pela missão de comunicar a vida aos demais (…) aqui descobrimos outra profunda lei da realidade: ‘a vida se alcança e amadurece à medida que é entregue para dar vida aos outros’. Isto é, definitivamente, a missão.”

Missão é servir!

Tem a ver com o próprio Cristo que “veio não para ser servido mas, para servir e dar a vida como resgate, em favor de muitos” (Cf. Mt 20,28).

A missão-serviço não cabe nos planos dos carreiristas; dos que pretendem os primeiros lugares; dos que brigam pelo poder; dos que perseguem a fama e o prestígio; dos que se vendem pelo sucesso.

A missão-serviço é uma cooperação com a missão de Deus. É Deus, sempre, quem toma a iniciativa e, nós, como servos, vamos seguindo seus passos.

A missão-serviço é ministério; administrador das coisas de Deus: “Cada um viva de acordo com a graça recebida e coloquem-se a serviço dos outros, como bons administradores das muitas formas da graça que Deus concedeu a vocês. Quem fala, seja porta-voz de Deus; quem se dedica ao serviço, faça com as forças que Deus lhe dá, a fim de que em tudo Deus seja glorificado por meio de Jesus Cristo, ao qual pertencem a glória e o poder para sempre” (1Pd 4,10-11). Parece estranho, mas “administrar” vem de “menos” (em latim, MINUS). Desta palavra se fez um superlativo, MINOR, “menor”. De MINOR se fez MINISTER, primeiramente “servo, criado, ajudante” em sentido amplo e depois “servo de Deus, sacerdote, ministro religioso”.

Missão é servir! Portanto, “Quem quiser ser o primeiro, seja o servo de todos (Mc 10,44).

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS