Diocese de Assis
Quem passou pelo batismo, não é, simplesmente, um seguidor de doutrinas religiosas e, portanto, não deve se contentar, somente, com isso. Deve querer mais porque foi feito para mais; foi feito para seguir e anunciar o Senhor Jesus Cristo. Nesse sentido, o batizado é, por natureza, discípulo missionário.
Com o documento de Aparecida, ficou claro para toda a Igreja que, não existe uma dicotomia entre o que é ser discípulo e o que é ser missionário. Se é discípulo é missionário; se é missionário é porque é discípulo. Aliás, numa primeira versão do documento de Aparecida este conceito saiu dicotomizado (discípulo e missionário) mas, em tempo, houve uma correção pontual e, na versão final, fez-se o acerto conceitual e teológico para discípulo missionário.
Somos discípulos missionários e, esta verdade nos arrasta para dentro do Mistério de Cristo e da Comunidade e, faz, de cada um de nós, pedras vivas e construtores do Reino, sobre o fundamento dos apóstolos.
Para o evangelista São Mateus, a melhor imagem do discípulo missionário é “ser sal da terra e luz do mundo”
Sobre isso, o Papa Francisco, na oração do “Angelus”, sempre, reflete sobre algum tema importante da vida e da fé; aqui recolho algumas considerações:
- “O batismo faz de nós membros do Corpo de Cristo e do Povo de Deus. Como de geração em geração se transmite a vida, também de geração em geração, através da fonte batismal, se transmite a graça e, com esta graça, o Povo cristão caminha no tempo como um rio que irriga a terra e espalha pelo mundo a Bênção de Deus. A fé cristã nasce e vive na Igreja. Somos comunidade de crentes e, na comunidade, experimentamos a beleza de partilhar a experiência de um amor que precede a nós todos, mas, ao mesmo tempo, pede para sermos, uns para os outros, ‘canais’ da graça, apesar das nossas limitações e pecados. Ninguém se salva sozinho. A dimensão comunitária não é uma espécie de moldura, mas parte integrante da vida cristã, do testemunho e da evangelização. Temos um exemplo disso na comunidade cristã do Japão: no início do século dezessete, abateu-se sobre ela a perseguição, vendo-se então privada de sacerdotes e forçada a viver na clandestinidade. Quando dois séculos e meio depois, voltou a gozar de liberdade, aquela Igreja local apareceu formada por milhares de cristãos; eles tinham mantido, mesmo em segredo, um forte espírito comunitário, porque o batismo lhes tinha feito um só corpo em Cristo.”
- “Os discípulos de Jesus eram pescadores, pessoas simples, mas Jesus ‘os vê com os olhos de Deus’. Ao exortá-los para serem ‘sal da terra e luz do mundo’, queria dizer: ‘se forem pobres de espírito, humildes, puros de coração, misericordiosos, serão, certamente, ‘o sal da terra e a luz do mundo’, o que pode ser compreendido como uma consequência das Bem-aventuranças. Para compreender melhor estas imagens, tenhamos presente que a Lei judaica prescrevia a colocação de um pouco de sal sobre cada oferta apresentada a Deus, como sinal de aliança. A luz, assim, era para Israel o símbolo da revelação messiânica que triunfa sobre as trevas do paganismo. Os cristãos, novo Israel, recebem então a missão diante de todos os homens: com a fé e com a caridade podem orientar, consagrar, tornar fecunda a humanidade. Todos nós batizados somos discípulos missionários e, somos chamados a nos tornar no mundo um Evangelho vivo”
- “Todos temos limitações”, disse o Papa. Ninguém pode reproduzir totalmente Jesus Cristo. E, embora cada vocação se conforme de maneira mais saliente com este ou aquele traço da vida e obra de Jesus, há alguns elementos comuns e indispensáveis a todas”. Não fazer alarde é uma característica de toda vocação cristã. Neste sentido, “quem foi chamado por Deus não se pavoneia, nem corre atrás de reconhecimentos ou aplausos efémeros; não sente ter subido de categoria, nem trata os outros como se estivesse num degrau superior”. O Amor, melhor configuração do discípulo missionário.”
O Mês missionário completa sua provocação e permanecemos em missão!
PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS