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Diocese de Assis

 

 

Uma boa notícia sempre provoca reações. Quem a recebe quer logo partilhá-la. Foi o que aconteceu com o anúncio do anjo Gabriel à Maria, futura progenitora do menino Deus. Não somente uma, mas duas grandes notícias: sua própria concepção e a gravidez de Isabel, sua prima, já no sexto mês, apesar da idade avançada. Para Deus, realmente, o impossível nada significava. Mas para um coração humano cerceado por tantas e tantas notícias ruins, as boas deveriam ser confirmadas e propagadas o mais rapidamente possível. Então Maria não teve dúvidas. Juntou o que era possível e necessário para a viagem e zarpou “para a região montanhosa, dirigindo-se apressadamente, a uma cidade da Judeia” (Lc 1,39). Foi visitar e ajudar sua prima Isabel. Levava consigo o anúncio da Salvação!

A igreja doméstica de Nazaré mal nascia e já se punha em saída, a caminho… Esse era o primeiro exemplo da atitude missionária que identifica toda e qualquer ação doutrinária coerente com a razão de ser da Igreja. Desde Maria até nossos dias. Desde sempre. Não há como ser portador de uma boa notícia e retê-la para si próprio. Não há como não se alegrar ou solidarizar-se com um semelhante sem partilhar dores e alegrias um do outro. No caso, Maria foi ao encontro de sua prima não só para sentir o milagre que se operava naquele ventre quase estéril, como também mostrar-lhe a fecundidade do próprio. O tempo de Deus não se media pela idade avançada ou precocidade de uma e de outra, mas pela graça que se operava em ambas. A elas coube apenas a aceitação dessa graça em suas vidas. Então a revelação acontece: “Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar?” Como acreditar na divina maternidade de Maria nos dias de hoje, nas “visitas” que ela continua a nos fazer com seu zelo maternal?

A visita de Maria a Isabel não foi uma mera cordialidade familiar. Antes, estava possuída de revelações e lições missionárias que dizem respeito à razão de ser da Igreja, mãe e mestra dos mistérios da redenção. Sem sua participação não haveria razão para se enfrentar os desafios da estrada, ir ao encontro de quem iria preparar o caminho do novo Reino, ser o sinal da alegria que os ventres de duas mulheres ofereceriam ao mundo, “Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre”, comentou Isabel diante da graça daquelas visitas: Jesus e Maria! Eis no que resulta a abertura de alma para entender e aceitar o milagre da redenção, a presença filial e maternal desse milagre em nossa história. Sem Maria continuaríamos órfãos da graça de Deus. Sem Jesus nunca poderíamos nos dizer irmãos na fé. Sem Isabel, o caminho da salvação continuaria fechado, inacessível ao coração humano!

Por isso e pelos exemplos dessa ação mariana é que o papa Francisco nos exorta a fazer o mesmo, ir de encontro ao outro, caminhar em direção à realidade antagônica do mundo sem Deus. Isso é ser Igreja, hoje. Igreja missionária e em saída permanente. “Saindo a serviço e ao encontro do outro, como Maria, é que transformaremos o mundo com nossa presença e ação missionária”, nos lembra o papa. O anúncio já temos: eis que chegou para nós o Salvador! Agora só nos resta o serviço, a ação: preparar o caminho, endireitar suas veredas! Isso podemos fazer, desde agora. É a saída que temos!

WAGNER PEDRO MENEZES [email protected]