Diocese de Assis

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QUEM SE ELEVA… QUE SE HUMILHA…

Eu não sou agricultor, mas, entendo que, aquele que planta espera uma colheita farta e abundante. A cada plantio, lá vai o agricultor preparar a terra! Ara, aduba, mata as pragas, escolhe a semente, semeia, cultiva… Espera a colheita! Afinal, a colheita é a bênção da terra!

Por sua vez, a terra, arada, corrigida, adubada (fertilizada) e cuidada, converte tudo o que recebeu em nutriente necessário (‘cama’) para acolher a semente, fazê-la germinar, crescer e dar frutos.

A colheita generosa é produto de uma terra bem preparada. Colhemos pouco quando não preparamos bem a terra.

As plantas necessitam de macronutrientes (carbono, hidrogênio, oxigênio, nitrogênio, fósforo, enxofre, cálcio, magnésio e potássio) e micro nutrientes (boro, cobalto, cobre, ferro, manganês, moliddênio e zinco)

Fertilizantes ou adubos são compostos químicos que visam suprir as deficiências em substâncias vitais à sobrevivência dos vegetais. Porque são industrializados, os fertilizantes otimizam o tempo no preparo do solo, entretanto, podem causar poluição de solos e cursos d’água.

O ‘gosto’ da terra, na verdade, é receber esterco ou matéria orgânica para converter tudo isso em húmus. Contando com o tempo necessário e a ajuda de bactérias e fungos, a terra prodigaliza as condições necessárias de solo para o bem das plantas e da colheita.

A condição da terra para a uma boa colheita pode servir de parâmetro para a nossa vida em relação à fé. Para a terra, húmus significa boa colheita. Para a vida de fé, boa colheita só no terreno da humildade.

A Palavra de Deus enfatiza, sempre, a humildade como critério-condição para se produzir bons e abundantes frutos. Humildade é sinônimo de simples, pequeno, modesto, singelo… a mais sublime das virtudes. Etimologicamente, humildade vem do latim Humus, de onde também deriva Homem (Homo sapiens) e Humanidade.

Não é uma coincidência estas palavras estarem vinculadas. O sentido desta vinculação, é, certamente, uma sábia exortação para mantermos com a terra um vínculo eterno e embrionário. Se a humildade está relacionada com solo fértil e produtivo, então precisamos repensar toda a nossa relação com as pessoas e com o universo. A humildade é, por si mesma, espaço de vida e prolongamento da existência.

A ostentação, a soberba, a luxúria, o esnobismo, a autosuficiência, o orgulho… representam o oposto da humildade; é terreno infrutífero; terra seca e, portanto, lugar de produção da morte.

É o próprio Jesus quem afirma no evangelho: “quem se humilha será exaltado e quem se exalta será humilhado” (Lc 14,11). Não vale a pena qualquer tipo de ostentação e soberba. Aliás, a bem da verdade, é desumana e infrutífera qualquer tipo de vida que esteja longe da humildade.

É falsa a vida de quem não busca a humildade, porque seus frutos ficam pecos e quando vingam são amargos, tais como a ilusão, a mesquinhez, a insatisfação e fracasso.

Não é difícil o caminho da humildade. Entretanto, é preciso mudar posturas e práticas, como assevera a Sagrada Escritura: a) Se nos aproximamos de Deus não há porque continuarmos na superficialidade das coisas (Hb 12,18-19.22-24). b) Quem se orgulha, que se orgulhe no Senhor. Pois é aprovado não aquele que faz recomendação de si próprio, mas aquele que Deus recomenda (2Cor 10,17-11,2). c) O último lugar e os últimos são, na verdade, tesouros escondidos do Reino de Deus (Lc 14,1.7-14). d) O poder do Senhor é grande, mas ele é glorificado pelos humildes (Eclo 3,17-20.28-29). e) Mantenham entre vocês laços de paz, para conservar a unidade do Espírito (Ef 4,1-7.11-13a).

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS

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