Diocese de Assis
No evangelho de Mateus 3,13-17, lê-se: “Jesus foi da Galiléia para o rio Jordão, a fim de se encontrar com João, e ser batizado por ele. Mas João procurava impedi-lo, dizendo: ‘Sou eu que devo ser batizado por ti, e tu vens a mim?’ Jesus, porém, lhe respondeu: ‘Por enquanto deixe como está! Porque devemos cumprir toda a justiça.’ E João concordou. Depois de ser batizado, Jesus logo saiu da água. Então o céu se abriu, e Jesus viu o Espírito de Deus, descendo como pomba e pousando sobre ele. E do céu veio uma voz, dizendo: ‘Este é o meu Filho amado, que muito me agrada’.”
A nota de rodapé deste texto diz o seguinte: Neste Evangelho, as primeiras palavras de Jesus apresentam o programa de toda a sua vida e ação: cumprir toda a justiça, isto é, realizar plenamente a vontade de Deus e seu projeto salvador.
No evangelho de Marcos, 1,9-11, a nota de rodapé diz o seguinte: “O céu se rasgou: Na pessoa de Jesus, a separação que havia entre Deus e os homens se rompeu. A voz apresenta o mistério do homem de Nazaré: ele é o Filho de Deus, o Messias-Rei (Sl 2,7) que vai estabelecer o Reino de Deus através do serviço, como o Servo de Javé (Is 42,1-2).”
Jesus é a Justiça de Deus no mundo! Nele todas as coisas ganham uma nova verdade, na base do querer de Deus e no projeto de salvação que ele preparou desde antes da criação do mundo, porque a graça de Deus não tem limites.
São Paulo faz uma linda síntese deste projeto de Deus, na carta aos Efésios 1,3-14, que vale a pena conferir:
“Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo: Ele nos abençoou com toda bênção espiritual, no céu, em Cristo. Ele nos escolheu em Cristo antes de criar o mundo para que sejamos santos e sem defeito diante dele, no amor. Ele nos predestinou para sermos seus filhos adotivos por meio de Jesus Cristo, conforme a benevolência de sua vontade, para o louvor da sua glória e da graça que ele derramou abundantemente sobre nós por meio de seu Filho querido. Por meio do sangue de Cristo é que fomos libertos e nele nossas faltas foram perdoadas, conforme a riqueza da sua graça. Deus derramou sobre nós essa graça, abrindo-nos para toda sabedoria e inteligência. Ele nos fez conhecer o mistério da sua vontade, a livre decisão que havia tomado outrora de levar a história à sua plenitude, reunindo o universo inteiro, tanto as coisas celestes como as terrestres, sob uma só Cabeça, Cristo. Em Cristo recebemos nossa parte na herança, conforme o projeto daquele que tudo conduz segundo a sua vontade: fomos predestinados a ser o louvor da sua glória, nós, que já antes esperávamos em Cristo. Em Cristo, também vocês ouviram a Palavra da verdade, o Evangelho que os salva. Em Cristo, ainda, vocês creram, e foram marcados com o selo do Espírito prometido, o Espírito Santo, que é a garantia da nossa herança, enquanto esperamos a completa libertação do povo que Deus adquiriu para o louvor da sua glória.”
O batismo de Jesus nos enche de provocações e chama à conversão.
Por que a Igreja Batiza? Por que as pessoas pedem o batismo?
Qual é a justiça que se está cumprindo com os diversos batismos que acontecem todos os dias, pelo mundo afora? É a justiça do Reino, da Instituição, da tradição, da cultura, do costume…?
Se queremos responder aos apelos de Cristo quanto à justiça do Reino, o batismo que celebramos e pedimos precisa sofre uma grande mudança. Porque, por enquanto, os nossos batismos, timidamente, refletem o cumprimento de “toda a justiça”, como quer o Senhor. É tempo de revisão de nossas práticas e pedidos.
Batismo: por que fazê-lo e por que não fazê-lo?
PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS