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Diocese de Assis

 

A afirmação do título deste artigo, também serve de interrogação: “viver, ainda, vale a pena? Acrescente a esta, outras perguntas afins: Por que vale e por que não vale a vida? De que depende o valor da vida? Das circunstâncias, dos tempos, dos momentos, das vantagens, das perdas, dos ganhos, da sorte, dos outros…?

Por que as coisas deixam de valer a pena? O casamento, o trabalho, a amizade, a honestidade, a fé, a honradez, a fidelidade, o amor…? Que tipo de vida não vale mais a pena? A vida de quem não vale mais a pena? Em que sentido a vida não vale mais a pena? O que fazer para a vida valer a pena?

Uma triste constatação, no meio de todas estas interrogações, é que a vida perdeu a sua originalidade. Ficou frágil porque está banalizada, está desqualificada, está esvaziada! A vida está perdendo o sentido porque está distanciada da fonte, porque lhe tem sido tirado o senso de eternidade, porque foi reduzida a prazer, porque está subjugada ao materialismo, porque está sendo fechada no corpo!

A vida está sempre em questão! Mas, o que deveria ser questionado não é a vivência? Não é por causa de nossa vivência que a vida tem se demonstrado tão sem valor e sentido?

Na Sagrada Escritura, assim trata o autor sagrado:

Alerta: “Já vi de tudo nos dias da minha existência fugaz. Vi o justo perecer apesar da sua justiça, e o injusto viver longamente apesar da sua injustiça” (Ecle 7,15). “Se o homem viver por muitos anos, procure desfrutar de todos eles; mas lembre-se dos dias sombrios, que serão muitos, pois tudo o que acontece é fugaz” (Ecle 11,8).

Respostas de fé para a vida: “É melhor viver vida de pobre embaixo de um barraco, do que saborear comidas em casa alheia” (Eclo 29,22). “Mais vale um bocado com lazer, do que dois bocados com fadiga, correndo atrás do vento” (Ecl 4,6). “Mais vale estar a dois do que estar sozinho, porque dois tirarão maior proveito do seu trabalho” (Ecle 4,9).

“Mais vale um jovem pobre e sábio do que um rei velho e insensato, que não aceita mais conselho” (Ecle 4,13). “Mais vale a honradez do que um bom perfume, e o dia da morte é melhor que o dia do nascimento” (Ecle 7,1). “Mais vale o fim de uma coisa do que o seu começo, e a paciência é melhor do que a pretensão” (Ecle 7,8).

“Mais vale a sabedoria do que os instrumentos de guerra, mas um só erro pode anular muita coisa boa” (Ecle 9,18). “De fato, não vale mais a palavra que o presente? O homem generoso oferece as duas coisas” (Eclo 18,17).

“Por isso, concluo que a sabedoria vale mais do que a força, porém a sabedoria do pobre é desprezada, e ninguém dá ouvidos às palavras dele” (Ecle 9,16)

O valor da vida não cabe em nossas explicações e avaliações porque é muito maior, muito melhor, muito mais bonita, muito mais surpreendente… muito mais vida. O valor da vida é sustentado pelo amor de Deus e, assim, deve ser medido. A vida é dom de Deus!

Sabedoria é acolher, a cada dia, esse dom maravilhoso que Deus nos deu: a vida. Viver e não ter a vergonha de ser feliz. Restaurar, pelos valores da fé, o brilho, o encanto e o bem da vida!

“Portanto, vá, coma o seu pão com alegria e beba o seu vinho com satisfação, porque com isso Deus já foi bondoso para com você. Que suas roupas sejam brancas o tempo todo, e nunca falte perfume em sua cabeça. Goze a vida com a esposa que você ama, durante todos os dias da vida fugaz que Deus lhe concede debaixo do sol. Essa é a porção que lhe cabe na vida e no trabalho com que você se afadiga debaixo do sol. Tudo o que você puder fazer, faça-o enquanto tem forças, porque no mundo dos mortos, para onde você vai, não existe ação, nem pensamento, nem ciência, nem sabedoria” (Ecle 9,7-10).

Faça a vida continuar valendo a pena apesar de tudo e de qualquer coisa!

 

PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS