DOS SINAIS DE FUMAÇA AO CELULAR

Por Alcindo Garcia

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            Por obvio que não sou contra a evolução trazida pelo celular. Quem já viu os filmes de faroeste? Os índios Comanches utilizavam o sinal de fumaça para avisar as tribos vizinhas que a diligência com o ouro estava chegando e que se preparassem para saqueá-la. Hoje até índio usa o celular. Não precisam mais recorrer aos sinais de fumaça para agir. Políticos de pouca inteligência usam o celular para saquear e desviar o dinheiro público, sem perceber que a Policia Federal está gravando toda a conversa.

            Curioso, quando não existia o celular ninguém dava falta dele. Hoje ninguém mais sai de casa sem o aparelho. O fiel acompanhante vai no bolso da camisa do cidadão ou na bolsa da madame. Ricos e pobres carregam o estrupício. Minha bronca com os celulares é contra os sons bregas de algumas campainhas. Cada toque de campainha mais brega do que a outra.

            Um dia destes, me assustei com uma chamada do celular de alguém que caminhava pela calçada ao meu lado. A campainha era o prefixo do “Plantão do Jornal Nacional”, tocando a todo volume. Pensei que seria alguma notícia extraordinária, algum terremoto, ou mais um pai da pátria sendo preso e obrigado a devolver o dinheiro roubado. Nada disso. Era o som da campainha do celular do cidadão, que retirou o estrupício do bolso e atendeu: “Alô bem. já to indo. Só tem carne Friboi e eu não comprei. Melhor não arriscar. Faça omelete mesmo”.

            Piores são as exibições nos aeroportos. O cidadão bota o aparelho no ouvido, finge que está falando com alguém e começa a se exibir. “Quando eu chegar em Paris eu  ligo, vou pegar o avião das quatro”. Tudo mentira. Com certeza vai para Ribeirão Preto pela TAM, passagem paga em 10 prestações sem juros. Breguice pura.

            Outro dia no restaurante, na mesa ao lado, um elemento grudou o celular no ouvido e falava para todo mundo ouvir que ia comprar mais mil e duzentas cabeças de gado. Pura exibição Ao que me consta, ninguém estava interessada na boiada dele. Como diz aquele filme que gostei muito “Assim Caminha a Humanidade”.           

 

Alcindo Garcia é jornalista – e-mail: [email protected]

           

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