E quando a minha oração não é ouvida? 

Por Elane Gomes

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“Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: Alegrai-vos!” (Fil 4,4) Esta é a ordem de Paulo, um desafio para o cristão! Uma convocação que, para ser vivida, além da graça de Deus, pressupõe maturidade espiritual. O que mais o ser humano quer é ser feliz. Esse anseio, como garante o Catecismo da Igreja Católica, está impresso em nosso coração (cf. n.1718).

Entretanto, para nós, equivocadamente, ser feliz virou sinônimo de alcançar vitórias e superar desafios. Quando isso acontece, nossa vida vai bem. Ficamos em paz com o mundo, com Deus, com os outros e conosco mesmos. Porém, se o que desejamos não acontece ou não se dá da maneira como queremos, desencadeia-se em nós uma crise existencial. Principalmente se o que almejamos nos parece bom, ou se já o estamos pedindo há algum tempo.

Mas o que configura o cristão a Cristo é a possibilidade de fazer renúncias e sacrifícios, com alegria, sabendo que isso nos faz crescer. Jesus se despojou de sua condição de vida, renunciou às glórias deste mundo e cumpriu sua missão conforme o Pai lhe pediu. Portanto, quando não somos ouvidos em um pedido, em vez de reclamarmos, nos entristecermos e desistirmos de tudo, existem outras possibilidades a serem consideradas, como por exemplo estas:

1. Não estamos prontos para receber aquilo. Precisamos encarar a realidade de que não é o momento ainda de o Senhor nos conceder o que desejamos, porque, antes disso, existem outras obras importantes que Ele precisa realizar em nós. Por exemplo: ajudar-nos em desapegos, crescimentos, aptidões. Muitas vezes, somente depois de uma primeira ação do Senhor é que nossas bases estarão prontas para receber o objeto de nossas orações.

2. Deus não quer nos dar o que pedimos. Por melhor que algo pareça aos nossos olhos, é possível que o Senhor não o queira nos conceder, porque, certamente, esse bem almejado não vai contribuir na obra de santificação que Ele está plasmando em nós, ou pode até nos levar à perdição. Considerando a primeira possibilidade – a de que Deus não quer dar, neste momento, uma graça que pedimos –, nossa atitude precisa ser:

A) Alegrarmo-nos, porque a negação atual implica que temos um Deus que nos ama e sabe a hora certa de nos conceder o que pedimos. Ele cuida de nós!


B) Louvarmos, ou seja, reconhecer a grandeza do Senhor e o nosso nada. Ele tem o conhecimento de todas as coisas; nossa sabedoria é limitada.


C) Aprendermos a esperar, pois, uma vez que Ele nos quer dar, mas ainda não estamos prontos, precisamos aguardar com fé, preparando-nos para receber, corrigindo-nos no que for preciso em atitude de constante conversão.


D) Desprendermo-nos, isto é, entregarmo-nos nas mãos do Senhor, deixando que Ele faça as coisas quando quiser e a Seu modo. Esse despojamento pede ainda que abramos mão do que esperamos e vivamos aquilo que o Senhor está nos pedindo hoje.

Se considerarmos a segunda possibilidade – que é o fato de Deus não querer dar o que pedimos –, duas atitudes, além de todos os passos citados acima, são necessárias:

A) Renunciar. Não é fácil, porque nosso ego pede que as coisas sejam como sempre sonhamos, porém, essa renúncia nos deixará livres para recebermos todos os outros bens que o Senhor quer nos dar. Vai também nos amadurecer na fé, pois, com isso, participaremos do sacrifício de Cristo.


B) Perseverar na esperança. Tudo concorre para o nosso bem (Cf. Rm 8,28). Essa grande renúncia de hoje é semente para graças colhidas amanhã.

Não se deixe vencer pela tristeza. O Senhor é bom o suficiente para realizar planos maravilhosos em sua vida!


Elane Gomes é missionária da Comunidade Canção Nova

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