Efeitos da poluição ambiental na saúde das crianças

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De acordo com relatórios recentes da Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 25% das mortes de crianças menores de cinco anos, cerca de 1,7 milhões de crianças, são causadas pela poluição ambiental, que inclui a poluição do ar em ambientes fechados e ao ar livre, o fumo passivo, a água contaminada, a falta de saneamento e a higiene inadequada.

Conforme explica o pediatra Fernando Oliveira, coordenador do  Blog Pediatra Orienta da SPSP, as crianças são particularmente mais vulneráveis à poluição atmosférica. “Elas sofrem mais significativamente o impacto da poluição em comparação com os adultos e há razões fisiológicas para isso”, diz o médico, citando abaixo os motivos pelos quais as crianças são as mais afetadas pela poluição.

  • As crianças ingerem mais água e alimentos e respiram maior quantidade de ar por unidade de peso corporal que um adulto. Isto pode permitir que agentes químicos presentes na água, como metais (chumbo) ou compostos orgânicos lipossolúveis absorvidos pela mãe e veiculados ligados à gordura no leite materno, sejam detectados em fluidos biológicos do lactente amamentado ao seio; pode, ainda, expor mais a criança a poluentes presentes no ar do ambiente doméstico e do ambiente externo.
  • Características próprias do desenvolvimento dos lactentes, que respiram mais próximo do solo (engatinham, ficam mais sentados, baixa estatura), aumentando o risco de exposição a material particulado e alguns gases (como monóxido de carbono e radônio) que se acumulam nesta zona ambiental.
  • As crianças tendem a levar a mão à boca com mais facilidade, por isso podem contaminar-se mais por essa via.
  • A via aérea infantil tem menor calibre e maior resposta irritativa, o que faz com que a obstrução e a inflamação sejam mais relevantes quando em contato com a poluição. Esse detalhe explica a elevada incidência de casos de asma, no mundo todo, em crianças.
  • Convém salientar a importância da qualidade do ar intradomiciliar que pode ser afetado por fumaça de cigarro, lareiras, fogões a lenha, fogões a gás mal instalados, poeira doméstica, além dos poluentes externos que invadem esse espaço. Têm importância, também, compostos voláteis oriundos de várias fontes (tintas, colas, perfumes, propelentes de sprays e produtos de limpeza). Cronicamente, essa exposição repercute em menor crescimento pulmonar com comprometimento de sua função e aumento da suscetibilidade a doenças.
  • A umidade no ambiente domiciliar facilita a proliferação de fungo, ácaros e bactérias. Colchões, tapetes, móveis costumam ser os principais reservatórios desses agentes.
  • O tabagismo passivo é responsável por muitos problemas causados à criança. As crianças cujas mães são fumantes têm cerca de 70% mais problemas respiratórios e maior número de hospitalizações ao longo do primeiro ano de vida. O tabagismo intraútero aumenta a mortalidade infantil em até 80%.

Segundo o especialista, as políticas de qualidade do ar devem proteger a saúde das crianças e adolescentes, tendo explicitamente em conta as diferenças na sua biologia e vias de exposição. “Crianças e adolescentes não podem se proteger da poluição atmosférica, nem votar ou influenciar políticas relevantes; só os adultos podem e devem fazer isso por eles, e é urgente. Precisamos responder com esforços concentrados e nos unir por meio de ações coletivas e coordenadas”, conclui Oliveira.

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