ESPAÇO  ESPÍRITA

HOJE  E  AMANHÃ

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“Bem-aventurados vós, que agora tendes fome, porque sereis fartos. Bem-aventurados vós, que agora chorais, porque haveis de rir. Ai de vós, os que estais fartos, porque tereis fome. Ai de vós, os que agora rides, porque vos lamentareis e chorareis.” 

JESUS (Lucas, 6:21 e 25)

  A Doutrina Espírita nos esclarece que, criados simples e ignorantes, mas fadados a adquirir a plenitude da Sabedoria e da Santidade, todos temos necessidade de viver uma série de situações, com alternâncias pela pobreza e pela opulência, pela saúde e pela enfermidade, pela submissão e pela autoridade, etc., por ser essa a única maneira de ganharmos experiência acerca de tudo e desenvolvermos uma consciência realmente sã, capaz de discernir, com segurança, a justiça da iniquidade e o bem do mal.

Para isso, obviamente, encarnamos e reencarnamos vezes sem conta, nesta ou naquela raça, num e noutro sexo, em palácios e choupanas, pois não é nada fácil aprendermos a pautar nossos atos pela linha do Dever, sem destruir a felicidade nem ferir os direitos alheios, como não é fácil, também, admitirmos sinceramente a igualdade de todas as criaturas perante Deus e, como resultado, devotar-nos reciprocamente uma amizade fraternal.

No passo escriturístico que encima estes comentários, Jesus, a um só tempo, dirige palavras de conforto e esperança aos famintos e sofredores (as classes exploradas e os enfermos), assim como uma séria advertência aos de mesa farta e aos alegres (os ricos e sadios), acenando-lhes com a inversão da sorte, no porvir, como coisa absolutamente indispensável ao aperfeiçoamento moral de uns e de outros.

Evidentemente, não se referia a uma transformação a operar-se na vida espiritual, onde ninguém precisaria fartar-se de alimentos materiais, mas sim ao que lhes sucederia, aqui na própria Terra, em novas reencarnações, eis que, via de regra, tais mudanças dificilmente se dão no transcurso da mesma existência.

O ensino a tirar-se daí é que devemos fazer bom emprego dos bens que a Providência nos haja confiado, entre eles a riqueza, a inteligência e a saúde; que deixemos de ser egoístas, pensando também nos outros, pois afinal somos todos irmãos, e, se abastados, que dividamos um pouco do que nos sobra com aqueles que passam fome; se mais cultos, que façamos chegar a luz da instrução aos que tateiam nas trevas da ignorância; se saudáveis, que nos solidarizemos com os que choram, movimentando recursos e providências no sentido de aliviar-lhes as dores.

Se agirmos assim, usando de misericórdia com os desgraçados em nossos dias de regozijo, ao sermos defrontados pela adversidade, em ulteriores existências, encontraremos, igualmente, quem se apiede de nós, auxiliando-nos a suportar as agruras da jornada.                                          Os que ainda não podem aceitar como verdadeira a teoria reencarnacionista, talvez suponham que essa lição não lhes aproveita. Enganam-se, pois a parábola do rico e Lázaro (Lucas 16:19-31) confirma que, neste mundo ou no outro, as recompensas ou penas futuras dependem, exclusivamente, de havermos cumprido ou deixado de cumprir a Lei do Amor no trato com nossos semelhantes

RODOLFO  CALLIGARIS

 Extraído do livro “Páginas de Espiritismo Cristão” – Editora FEB

U.S.E.-UNIÃO  DAS  SOCIEDADES  ESPÍRITAS  DO  ESTADO  DE  SÃO  PAULO – INTERMUNICIPAL  DE  ASSIS

 

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