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ESPAÇO  ESPÍRITA

A prisão feminina recebia o orador espírita por primeira vez.

As mulheres condenadas a períodos diversos e nunca inferiores há seis anos encontravam-se desagradadas, face ao impositivo compulsório de estarem presentes a palestras.                                                                      Rostos contraídos, lábios em ríctus, enfado…

O orador foi apresentado pela Diretora em considerações breves.            Concedida a palavra, ele propôs uma pequena “estória com interferência”, a fim de motivar as assistentes. Logrou o intento. Modificou-se o ambiente. O tema era a felicidade. Argumentos leves e significativos, assuntos do dia-a-dia  para dar melhor ênfase ao tema, quando, perguntou:                   – Qual a coisa mais importante na vida?

A indagação tomou as espectadoras de surpresa. Silêncio geral.             Uma voz acanhada respondeu do fundo da sala:  – O amor.                        Outra disse: – A liberdade.                                                                              Alguém afirmou: – O dinheiro.                                                                       Outrem postulou: – A saúde.                                                                        As opiniões se multiplicaram e ele as ouviu sem comentar.                          Quando se fez novo silêncio, ele considerou:

– Para mim a coisa mais importante na vida é a paz de espírito. O amor vem e vai, quando não se tem paz. Se a liberdade fosse importante, ninguém estaria aqui, pois que tudo faria a fim de não a perder. Aliás, a verdadeira liberdade é interior. Pode-se estar no cárcere, sendo inocente, permanecendo-se livre e estar-se na rua preso aos vícios e paixões…  O dinheiro compra muita coisa menos a paz. A saúde pode ser perdida pela nossa negligência e aí estão os exemplos dos que derrapam nos excessos, nas dissipações e a malbaratam…                                               Uma grande expectativa pairava no ar.                                                          Depois de um momento de reflexão, ele prosseguiu:

– A verdadeira paz dá felicidade, porque decorre de uma conduta reta – sem erros a ressarcir -, de um coração pacífico – sem mágoas nem paixões -, de uma consciência tranquila – que é o resultado das outras aquisições.  Jesus nos ensinou a usar as coisas, as posses, sem depender delas; a viver o amor sem o corromper; a resguardar a saúde, a fim de preservá-la…  A paz, porém, Ele nos deu, afirmando ser uma paz que o mundo não podia dar – essa que amolenta e degrada o homem -, mas só Ele poderia conceder – a que resultar do sacrifício, da abnegação e da dedicação ao bem do próximo – então, enobrecedora, permanente. Essa paz proporciona a felicidade.

Alongou os argumentos, propôs considerações, enquanto uma paz de felicidade espiritual impregnava o ambiente e os corações, face à música sublime dos comentários espíritas.

* * *                                                  Não se afadigue pela posse das coisas. Quase sempre quem possui fica possuído pelas coisas  que  o atormentam. Seja livre de amarras terrenas  inundando-se da paz que o Cristo oferece aos que O servem e você desfrutará do mais importante bem da vida.

IGNOTUS

Extraído do livro “Espelho d’Alma” – psicografia de Divaldo Pereira Franco – Editora Leal

U.S.E.-UNIÃO  DAS  SOCIEDADES  ESPÍRITAS  DO  ESTADO  DE  SÃO  PAULO – INTERMUNICIPAL  DE  ASSIS