ESPAÇO ESPÍRITA
O BARCO E AS ONDAS
“E o barco estava já no meio do mar, açoitado pelas ondas; porque o vento era contrário.” (Mateus, 14:24)
Tentação, a palavra temível.
Quase sempre intentamos fugir dela para simplesmente desertar do trabalho e, por consequência, da escola que o trabalho representa. E caímos no logro.
Largamos o poço da dificuldade construtiva para arrojarmo-nos no abismo da inércia onde arrasamos o tempo.
Analisamos aprendizes, testamos máquinas, provamos quitutes caseiros.
Tentação é o recurso que a sabedoria da vida emprega para dar-nos o conhecimento de nós próprios.
Se o dinheiro não nos sugere a busca de prazeres desmesurados para os sentidos e se não lhe opomos o freio do discernimento, como poderemos saber que ele deve ser utilizado para a criação das alegrias nobres que nos enriquecem a alma?
Se o mal não nos convida algum dia a cultuar-lhe os desequilíbrios e se não lhe resistimos aos impulsos, de que maneira aprenderemos que o bem deve ser incorporado em definitivo ao nosso campo espiritual para ser usado naturalmente por nós como o ar que se respira?
Além disso, entendamos que a tentação é o agente que nos pesquisa a reabilitação, diante das leis divinas.
Se estamos na bengala dos cegos ou no catre dos paralíticos – conquanto a alusão não signifique qualquer desrespeito a eles, – já vivemos sob regime de bloqueio transitório entre as forças da vida e ninguém pode reconhecer, de imediato, o que faríamos da luz ou do movimento, se os tivéssemos ao dispor.
Assim é que ninguém se faz claramente conhecido, enquanto se encontra sob o guante da expiação ou da prova.
Estudemos a tentação quando chegue. Pelo modo que surge ou pelas gratificações que proponha, sabemos o que somos e o que nos cabe fazer.
Achamo-nos todos em evolução e, concomitantemente, em tentações que chegam por tabela. Cada uma em hora determinada e em problema certo. Saibamos superá-las para crescer e elevar-nos.
Sem tentação, impossível a tarefa da perfeição.
Recordemos o barco e as ondas que procuram submergi-lo. Sem elas jamais chegaria ao porto, mas é preciso vará-las sem permitir que entrem nele.
ANDRÉ LUIZ
Extraído do livro “Sol nas almas” – Psicografia: Waldo Vieira – Editora CEC
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