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ESPAÇO  ESPÍRITA

“Louco, esta noite te pedirão a alma; e o que tens ajuntado, para quem será?”

JESUS (Lucas, 12:20)

            O apego exagerado aos bens terrenos é um resquício de animalidade que o homem, malgrado séculos e séculos de civilização, ainda não conseguiu vencer.

Na fase subumana de sua evolução, quando o instinto de conservação sobrelevava a qualquer outro, determinando-lhe o modus vivendi, sempre que conseguia alimentos em abundância, entupia-se de tanto comer porque não sabia se no dia seguinte poderia fazê-lo.

Ainda hoje, não é outra a preocupação dos avarentos: guardam e protegem com unhas e dentes seus haveres materiais, com receio de que, no futuro, lhes venha a faltar o indispensável à subsistência.

Encarecendo, porém, em demasia, a necessidade de prevenir-se contra as incertezas do amanhã, não se permitem qualquer gozo que implique gasto de dinheiro, impondo a si mesmo e aos que vivem sob sua dependência econômica, um regime de miséria simplesmente execrável.

Assim, conquanto tenham a ilusão de possuir fortuna, na verdade são por ela possuídos, e ao invés de disporem dela como senhores, a ela se subordinam, quais meros escravos.

A avareza torna o homem insensível, endurece-lhe o coração, sufoca-lhe os sentimentos nobres, fazendo que repila sistematicamente quantos apelos lhe sejam feitos em nome da solidariedade humana. Redú-lo a indigente moral digno de lástima, muito mais infeliz que os mendigos aos quais recusa uma esmola.

Ao transporem as fronteiras da morte – diz o Espiritismo – longe de cessarem, aí é que suas aflições se agigantam.

Imanizados ao “seu” tesouro, assistem, desesperados, à partilha do mesmo entre os familiares, que, em lugar de preces agradecidas, quase sempre só lhes dirigem chacotas e impropérios, verberando-lhes a sovinice.

Não podendo impedir tal divisão, acompanham os passos dos herdeiros e, vendo-os dissiparem, em pouco tempo, o que levaram anos e anos para acumular, enfurecem-se, esbravejam, choram, sofrendo a cada cédula despendida uma punhalada atravessar-lhes o peito.

Segundo o Evangelho, ser avarento é incluir-se entre os adoradores de Mamon, o que vale dizer, confiar mais no poder do dinheiro do que na Providência Divina, prendendo-se às ilusões terrenas em detrimento da conquista do Reino do Céu.

Alijemos, pois, de nós esse vício desprezível.

Deus é Pai amantíssimo e jamais deixou ou deixará sem socorro nenhum de Seus filhos.

            Como disse Jesus no Sermão da Montanha, se Ele não descuida  das flores e  das aves vestindo-as e alimentando-as com caridoso desvelo, quanto mais não o fará por nós?

Se repararmos bem, perceberemos que, graças à Sua infinita misericórdia, nossa sorte é mais ditosa do que o merecemos, não sendo melhor ainda por exclusiva culpa nossa.

É que, mantendo as mãos fechadas, segurando avaramente o que temos, ficamos, com esse gesto, impossibilitados de receber as muitas dádivas que Deus está a nos ofertar constantemente, para que nada nos falte e vivamos, todos, alegres e venturosos.

RODOLFO  CALLIGARIS

Extraído do livro “Páginas de Espiritismo Cristão” – Editora FEB

U.S.E.-UNIÃO  DAS  SOCIEDADES  ESPÍRITAS  DO  ESTADO  DE  SÃO  PAULO – INTERMUNICIPAL  DE  ASSIS